Em
todas as eleições, sejam elas municipais ou presidenciais, sempre
aparecem aqueles candidatos cujos nomes para as urnas despertam
interesse e atenção do eleitorado de tão esdrúxulos e hilários. A
legislação eleitoral não veda a utilização de apelidos extravagantes ou
pouco usuais do ponto de vista da maioria. Recomenda, contudo, que
nenhum deles seja ofensivo, incite a violência, tenha apelo pornográfico
ou viole os princípios da propaganda eleitoral.
Então, com a
liberação da lei, este ano não poderia ser muito diferente dos
anteriores e, sendo assim, surgem como postulantes às cadeiras
disponíveis nas câmaras das 417 cidades baianas candidatos com nomes de
animais, verduras, utensílios para a cozinha, alimentos, lanches,
apresentadores famosos de TV e até de ritmos musicais, como Dé Axé,
candidato do PSDB à Câmara Municipal de Caetité.
Um dos 32.638
candidatos registrados que chama atenção pelo apelido, que consta na
lista disponibilizada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE), é Riqueza,
candidata concorrente a uma vaga no legislativo na cidade de Acajutiba,
pelo PTC. Em Candeias, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), dos
278 interessados às 17 vagas, há quatro nomes que remetem a alimentos:
Acarajé e Arroz, ambos do PTdoB, Jiló, do PR, e Picolé de Itu, também do
PTdoB.
Nos outros
municípios baianos surgem ainda os engraçados Pé Duro, Bicho Seco,
Beijo, By, Pintinho do Côco Verde, Arrochado, Jal Kxorrão, Zé Milhões,
Panela e Xuxa. De animais, ainda têm Gatos e Gatinhas, que é de um
candidato só, Peixe, Peixinho da Beira da Água, Bem Te Vi, Sabiá e mais
uma dezena de bicharada.
Em Salvador, os
nomes mais incomuns que aparecem na lista do TRE, muitos deles ainda não
deferidos pela justiça, são Gênisextintores (PT do B), Risadinha
(PMDB), Beijoca (DEM), Cocodakombidoreggae (PR), Zé do Caixão (PHS),
Noco Pam Pam Pam (PPS), Fusca (PTC), Alô Alô Jr (Psol), Piaba Show (PR) e
Cajcarlão é o Cisco (PHS).
A utilização de
nomes pouco convencionais tem muitas vezes a ver com estratégia de
campanha, mas muitos candidatos também lançam mão de apelidos pelos
quais já são conhecidos em suas comunidades ou cidades, explica o
analista político e professor de política da Universidade Federal da
Bahia (Ufba), Cloves Oliveira.
Muitos
postulantes, então, recorrem aos nomes incomuns como forma de chamar a
atenção em um universo de milhares de concorrentes. É a maneira, muitas
vezes, que encontram para serem conhecidos, salienta Oliveira. “Todos
partem da ideia de se tornarem conhecidos, porque ele já era conhecido
por aquele nome antes de ser candidato. Assim, com a notoriedade no
âmbito onde concorrem, tentam reverter esse suposto prestígio em capital
político”.
O analista
político, contudo, chama a atenção para o real interesse desses
candidatos. Para ele, nem sempre todos estão de fato concorrendo. Muitas
vezes, são estimulados pelo interesse em dar apoio aos partidos nas
candidaturas majoritárias, alguns deles querem se afastar de suas
atribuições nos empregos públicos, enquanto outros tentam tirar proveito
dos candidatos majoritários de olho em vantagens pessoais, alerta
Oliveira.
Todos os
candidatos estão liberados, desde que não desrespeitem as regras da
legislação eleitoral. Mas, nos casos em que o político se inscreve com
alcunhas inadequadas, os órgãos envolvidos no processo de eleição
solicitam a modificação, explica o analista judiciário do Tribunal
Regional Eleitoral (TRE) e professor de direito eleitoral da
Universidade Federal da Bahia (Ufba), Jaime Barreiros.
“O Código
Eleitoral traz os tipos de propaganda que não podem ocorrer em uma
eleição. E o nome do candidato não deixa de ser uma forma de propaganda,
por isso os nomes ofensivos, por exemplo, são inadequados”, explica.