quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Apelidos extravagantes chamam a atenção nas eleições




 
Em todas as eleições, sejam elas municipais ou presidenciais, sempre aparecem aqueles candidatos cujos nomes para as urnas despertam interesse e atenção do eleitorado de tão esdrúxulos e hilários. A legislação eleitoral não veda a utilização de apelidos extravagantes ou pouco usuais do ponto de vista da maioria. Recomenda, contudo, que nenhum deles seja ofensivo, incite a violência, tenha apelo pornográfico ou viole os princípios da propaganda eleitoral.
Então, com a liberação da lei, este ano não poderia ser muito diferente dos anteriores e, sendo assim, surgem como postulantes às cadeiras disponíveis nas câmaras das 417 cidades baianas candidatos com nomes de animais, verduras, utensílios para a cozinha, alimentos, lanches, apresentadores famosos de TV e até de ritmos musicais, como Dé Axé, candidato do PSDB à Câmara Municipal de Caetité.
Um dos 32.638 candidatos registrados que chama atenção pelo apelido, que consta na lista disponibilizada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE), é Riqueza, candidata concorrente a uma vaga no legislativo na cidade de Acajutiba, pelo PTC. Em Candeias, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), dos 278 interessados às 17 vagas, há quatro nomes que remetem a alimentos: Acarajé e Arroz, ambos do PTdoB, Jiló, do PR, e Picolé de Itu, também do PTdoB.
Nos outros municípios baianos surgem ainda os engraçados Pé Duro, Bicho Seco, Beijo, By, Pintinho do Côco Verde, Arrochado, Jal Kxorrão, Zé Milhões, Panela e Xuxa. De animais, ainda têm Gatos e Gatinhas, que é de um candidato só, Peixe, Peixinho da Beira da Água, Bem Te Vi, Sabiá e mais uma dezena de bicharada.
Em Salvador, os nomes mais incomuns que aparecem na lista do TRE, muitos deles ainda não deferidos pela justiça, são Gênisextintores (PT do B), Risadinha (PMDB), Beijoca (DEM), Cocodakombidoreggae (PR), Zé do Caixão (PHS), Noco Pam Pam Pam (PPS), Fusca (PTC), Alô Alô Jr (Psol), Piaba Show (PR) e Cajcarlão é o Cisco (PHS).
A utilização de nomes pouco convencionais tem muitas vezes a ver com estratégia de campanha, mas muitos candidatos também lançam mão de apelidos pelos quais já são conhecidos em suas comunidades ou cidades, explica o analista político e professor de política da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Cloves Oliveira.
Muitos postulantes, então, recorrem aos nomes incomuns como forma de chamar a atenção em um universo de milhares de concorrentes. É a maneira, muitas vezes, que encontram para serem conhecidos, salienta Oliveira. “Todos partem da ideia de se tornarem conhecidos, porque ele já era conhecido por aquele nome antes de ser candidato. Assim, com a notoriedade no âmbito onde concorrem, tentam reverter esse suposto prestígio em capital político”.
O analista político, contudo, chama a atenção para o real interesse desses candidatos. Para ele, nem sempre todos estão de fato concorrendo. Muitas vezes, são estimulados pelo interesse em dar apoio aos partidos nas candidaturas majoritárias, alguns deles querem se afastar de suas atribuições nos empregos públicos, enquanto outros tentam tirar proveito dos candidatos majoritários de olho em vantagens pessoais, alerta Oliveira.
Todos os candidatos estão liberados, desde que não desrespeitem as regras da legislação eleitoral. Mas, nos casos em que o político se inscreve com alcunhas inadequadas, os órgãos envolvidos no processo de eleição solicitam a modificação, explica o analista judiciário do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e professor de direito eleitoral da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Jaime Barreiros.
“O Código Eleitoral traz os tipos de propaganda que não podem ocorrer em uma eleição. E o nome do candidato não deixa de ser uma forma de propaganda, por isso os nomes ofensivos, por exemplo, são inadequados”, explica.