CIDADE
DO MÉXICO - A Justiça mexicana anunciou nesta quarta-feira que está
processando cinco militares mexicanos, quatro deles generais, por
envolvimento com cartéis de tráfico de drogas, autores de uma violenta
onda de ataques contra policiais e meios de comunicação nos últimos
meses. Três dos oficiais de alto escalão estavam detidos há 76 dias,
desde as eleições presidenciais no México. Um deles, Tomás Ángeles
Dauahare, é neto de Felipe Ángeles Ramirez, considerado um herói
nacional por sua participação na Revolução Mexicana (1910-1920).
A investigação contra os três generais surgiu a partir de declarações
de testemunhas protegidas, ex-membros da gangue dos irmãos Beltrán
Leyva que, além de fazer parte do tráfico de drogas, promovia
assassinatos por encomenda. Segundo a imprensa mexicana, problemas
pessoais dentro das forças armadas e a existência de um grupo que não
concordava com a estratégia de guerra ao narcotráfico do ex-presidente
Felipe Calderón teriam sido as razões para a prisão dos três oficiais.
Ángeles Dauahare, neto de Felipe Ángeles, foi o vice-secretário de
Defesa nacional e participou de um fórum sobre segurança, no dia 9 de
maio, organizado pela Fundación Colosio, que apoiou o atual presidente
virtual do México, Enrique Peña Nieto, do PRI, nas últimas eleições. Em
discurso no evento, o general criticou publicamente a "falta de
objetivos" na luta contra o narcotráfico. Ele acrescentou que o México
"não tem estratégia de segurança nacional" e que buscava trabalhar por
um plano coerente a esse combate.
Outros dois generais, Roberto Dawe González e Ricardo Escorcia
Vargas, foram presos na mesma operação que deteve Ángeles Dauahare. Dawe
González dirigia uma divisão do Exército no estado de Colima,
importante da rota do tráfico de drogas para o norte do continente. Já
Escorcia Vargas era o vice-chefe administrativo e logístico de Estado
Maior no governo de Calderón e se envolveu no incidente do
desaparecimento de um avião sul-americano carregado de cocaína em 2007.
Os cinco acusados, incluindo o general Rubén Pérez Ramírez e o
tenente-coronel Isidro de Jesús Hernández, que supostamente também
protegiam o cartel Beltrán Leyva, irão aguardar julgamento em uma prisão
de segurança máxima.