Os programas sociais do governo federal excluem 2,5 milhões de pessoas
que vivem abaixo da linha da miséria e ele não consegue localizar, de
acordo com estimativa do próprio Ministério do Desenvolvimento Social.
Encontrar essas pessoas é essencial para a presidente Dilma Rousseff
cumprir sua promessa de "erradicar" a extrema pobreza --o que só
ocorrerá quando nenhum brasileiro ganhar menos que R$ 70 por mês,
segundo o critério fixado pelo governo.
O Ministério do Desenvolvimento Social chegou a essa estimativa depois
de comparar dados do Censo de 2010 com as informações do Cadastro Único,
a base de dados usada para administrar os programas sociais.
Se essas pessoas não entrarem no sistema, elas jamais serão incluídas em
ações como o Bolsa Família, cujas transferências foram ampliadas por
Dilma, e, assim, não serão resgatadas da extrema pobreza.
"Pretendemos fazer [o cadastro dessas famílias] até o final do ano. A
presidente já nos indicou que o processo tem que ser acelerado", disse o
secretário para Superação da Extrema Pobreza do ministério, Tiago
Falcão.
Em junho de 2011, quando Dilma lançou o Brasil sem Miséria, o plano com o
qual espera cumprir sua promessa, cálculos feitos com dados
preliminares do Censo indicavam que existiam 800 mil famílias fora do
cadastro.
O governo então mobilizou as prefeituras para localizar e incluir no
sistema essas pessoas, em vez de simplesmente esperar que elas
aparecessem espontaneamente para se cadastrar. Graças a essa iniciativa,
791 mil famílias foram encontradas.
Em abril do ano passado, o governo teve acesso a dados mais detalhados
do Censo e concluiu que o problema era maior --cerca de 2 milhões de
famílias miseráveis fora do cadastro, mais que o dobro das 800 mil
identificadas anteriormente.
De acordo com as estimativas do ministério, ainda falta localizar 700
mil famílias que estão fora do cadastro do governo --ou cerca de 2,5
milhões de pessoas, considerando uma média de 3,6 pessoas por família.
O Cadastro Único reúne informações obtidas pelas prefeituras dos mais de
5,5 mil municípios do país, que são responsáveis pela localização dos
pobres e pelo preenchimento dos formulários que alimentam o sistema.
A dificuldade de cadastrar essas pessoas reside principalmente na falta
de informação e no fato de elas estarem em lugares muito distantes de
qualquer estrutura estatal --dezenas de lanchas passarão a ser usadas na
busca por ribeirinhos miseráveis da região Norte do país.