sábado, 16 de fevereiro de 2013

Ziriguidum: gripe pós-folia começa a tomar a cidade como um hit de Verão

 

 


 

 


Bruno Wendel
(bruno.cardoso@redebahia.com.br)


Ziriguidum: gripe pós-folia começa a tomar a cidade
Tem gente que está largadinha na cama, de um lado para o outro, dançando sem jeito. Com a mão na cabeça para amenizar a dor, estica o braço em busca de mais um lenço.

Você já está nesse ritmo? Então, pode ser mais uma vítima da Ziriguidum, hit do Carnaval que virou, literalmente, a febre do pós-folia.

É assim que está sendo chamada este ano a gripe que, como já é comum, toma Salvador no período após o Carnaval. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), a previsão é que até 45 dias depois da festa os postos de saúde ainda recebam pessoas com sintomas do vírus. A estimativa é baseada no período de incubação da doença, que varia entre dois a cinco dias.

Pela cidade, muita gente já está com febre, coriza, dores no corpo e na cabeça e tosse. É o caso da manicure Anilza Cristiane Alves Santos, 31 anos. Ela pulou três dias de Carnaval na Barra e os sintomas apareceram já na terça-feira.

“Meu marido colocou pano úmido para diminuir a febre, mas não teve jeito. Quando ia ao banheiro, tinha a sensação que ia desmaiar. Essa ziriguidum é braba mesmo”, disse Anilza, ontem pela manhã, quando procurou o posto de saúde de Pernambués.

Depois de tomar soro na veia por uma hora e meia, ela foi medicada e liberada, ainda abatida. Só com remédios, teve que gastar R$ 30.

Dor Cabisbaixa e escorada em uma pilastra do posto de saúde do Marback, a auxiliar de serviços gerais Cíntia Braga, 18, buscava atendimento. Como Anilza, ela escolheu a Barra para curtir todos os dias da folia.

“Estou com febre desde ontem (Quarta-Feira de Cinzas). Minha garganta dói muito. Mal consigo falar direito”, disse Cíntia. Após receber medicação, ela foi orientada a repousar em casa. “O médico disse que era uma virose de Carnaval, junto com a mudança de tempo”, declarou Eduardo de Jesus, namorado de Cíntia.

A empresária Sandra Regina Nascimento e a filha, Lívia, 26, também já dançaram com a Ziriguidum. Sandra buscou atendimento no Hospital da Bahia, com febre e dor na garganta. “A médica disse que eu estava com pus na garganta. Tomei uma medicação na veia e ela (médica) passou outro remédio para tomar em casa”, contou a empresária.

Já sua filha, que até ontem não tinha ido a uma unidade médica, deve procurar o atendimento hoje, caso não melhore, garantiu a mãe. As duas pularam do bloco Me Ame, no Circuito Dodô.

Mas a Ziriguidum não pegou só quem estava curtindo no Carnaval. Quem trabalhou durante a folia também está sofrendo. “Comecei com uma tosse seca. Depois veio a coriza e as dores no corpo. Minha cabeça parece que tem um tambor”, conta o garçom Vinícius Braga, que trabalhou todos os dias de Carnaval e foi atendido no Hospital Salvador.

Com a enfermeira Juliana Batista Fernandes, 23, que trabalhou em um camarote, não foi diferente. “Onde eu estava o frio era constante e tinha contato com muita gente. Nosso corpo não está acostumado com a mudança de clima. Tomava vitamina C todos os dias, mas não adiantou”, disse ela, funcionária do posto de saúde de São Caetano.

Segundo o infectologista Robson Reis, membro da SMS, a prefeitura vem capacitando profissionais sobre as doenças infectocontagiosas. Nesta época do ano, é provável que as unidades de saúde (postos e hospitais) fiquem lotados por causa da demanda.

De acordo com Reis, neste caso, a prioridade será dos pacientes mais graves. “Serão levados em consideração os dados objetivos (pressão arterial, frequência respiratória e cardíaca, temperatura e saturação de oxigênio) e baseado nos sinais e sintomas do paciente, como dor de cabeça. Mas o objetivo é que todos sejam atendidos”, concluiu.

Matéria original Correio 24h