O Supremo Tribunal Federal (STF) ouvirá nesta terça-feira (7) os
advogados de quatro réus ligados a Marcos Valério, acusado de ser o
operador do mensalão, e a defesa de Kátia Rabello, ex-presidente e atual
acionista do Banco Rural. O julgamento, que terá sua quarta sessão,
será retomado às 14h.
No fila de sustentações orais desta tarde, estão os defensores de
Cristiano Paz, sócio de Marcos Valério; Rogério Tolentino, advogado que
prestava serviços a Valério; as funcionárias das agências de Valério
Simone Vasconcelos e Geiza Dias; além de Kátia Rabello, do Banco Rural.
O advogado José Carlos Dias, que representa Kátia Rabello, afirmou ao G1 que vai usar sua manifestação para comprovar que os empréstimos concedidos pelo banco foram legais e “transparentes”.
“Vou demonstrar a absoluta transparência do banco e também que todos os
saques constavam da contabilidade, com apresentação dos documentos de
identidade daqueles que receberam dinheiro”, afirmou.
Dias, que foi ministro da Justiça no governo de Fernando Henrique
Cardoso, disse ainda ter provas de que todos os saques de valores
superiores a R$ 100 mil foram informados ao Conselho de Controle de
Atividades Financeiras (Coaf).
“Vou mostrar que todos os saques acima de R$ 100 mil foram comunicados
ao Coaf, ao contrário do que o procurador falou. É absolutamente
comprovado isso”, disse.
O defensor afirmou que não irá usar as horas que antecedem o julgamento
para revisar ou praticar a sustentação oral. “Só vou pedir o apoio do
Espírito Santo”, brincou.
Presidente do Banco Rural na época do mensalão, Kátia Rabello teria
autorizado, de acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR),
empréstimos para firmas de Marcos Valério e teria acompanhado os
negócios do grupo junto ao banco. De acordo com a denúncia, o Banco
Rural emprestou o dinheiro ao PT porque tinha interesses no governo
federal.
Grupo de Valério
No segundo dia dedicado às defesas dos réus, os ministros da Suprema
Corte irão ouvir os advogados de quatro integrantes do "núcleo
operacional", que, segundo o procurador-geral da República, era
comandado por Marcos Valério.
Sobem à tribuna nesta tarde os defensores de Rogério Tolentino,
advogado que foi apontado na denúncia como sócio informal de Valério nas
agências de publicidade; Simone Vasconcellos, diretora administrativa
da SMP&B suspeita de orientar os parlamentares sobre como e onde
receber o dinheiro; Geiza Dias, gerente financeira da SMP&B acusada
de ajudar a distribuir recursos do valerioduto; e Cristiano Paz, sócio
das agências que, supostamente, agia na obtenção dos empréstimos
fraudulentos que alimentavam o esquema do mensalão.
O julgamento
Na segunda (6), advogados de José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares,
Marcos Valério e Ramon Hollerbach negaram a existência do mensalão,
suposto esquema de compra de votos no Congresso para beneficiar o
governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As defesas de
Delúbio e Valério
admitiram a prática de caixa 2 - uso de recursos não declarados na campanha eleitoral -, depois da disputa presidencial de 2002.
O julgamento do mensalão começou na última quinta-feira (2) com a
leitura do resumo da ação feita pelo relator Joaquim Barbosa, que apresentou o nome dos réus e explicou a quais crimes eles respondem.
Na sexta-feira (3), o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pediu ao Supremo Tribunal Federal a
condenação de 36 dos 38 réus do processo
e apontou o ex-ministro José Dirceu como líder do grupo criminoso. Ele
requereu que sejam expedidos mandados de prisão "cabíveis" ao fim do
julgamento.
Gurgel disse estar “plenamente convencido” de que as provas produzidas
“comprovam a existência do esquema de cooptação de apoio político
descrito na denúncia”