terça-feira, 7 de agosto de 2012

STF ouve defesa de ligados a Valério e de ex-dirigente do Banco Rural



Quarto dia do julgamento do mensalão será marcado por defesa de 5 réus.
Na segunda (6), advogados negaram mensalão, mas admitiram caixa dois.


O Supremo Tribunal Federal (STF) ouvirá nesta terça-feira (7) os advogados de quatro réus ligados a Marcos Valério, acusado de ser o operador do mensalão, e a defesa de Kátia Rabello, ex-presidente e atual acionista do Banco Rural. O julgamento, que terá sua quarta sessão, será retomado às 14h.
No fila de sustentações orais desta tarde, estão os defensores de Cristiano Paz, sócio de Marcos Valério; Rogério Tolentino, advogado que prestava serviços a Valério; as funcionárias das agências de Valério Simone Vasconcelos e Geiza Dias; além de Kátia Rabello, do Banco Rural.
O advogado José Carlos Dias, que representa Kátia Rabello, afirmou ao G1 que vai usar sua manifestação para comprovar que os empréstimos concedidos pelo banco foram legais e “transparentes”.
“Vou demonstrar a absoluta transparência do banco e também que todos os saques constavam da contabilidade, com apresentação dos documentos de identidade daqueles que receberam dinheiro”, afirmou.
Dias, que foi ministro da Justiça no governo de Fernando Henrique Cardoso, disse ainda ter provas de que todos os saques de valores superiores a R$ 100 mil foram informados ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
“Vou mostrar que todos os saques acima de R$ 100 mil foram comunicados ao Coaf, ao contrário do que o procurador falou. É absolutamente comprovado isso”, disse.
O defensor afirmou que não irá usar as horas que antecedem o julgamento para revisar ou praticar a sustentação oral. “Só vou pedir o apoio do Espírito Santo”, brincou.
Presidente do Banco Rural na época do mensalão, Kátia Rabello teria autorizado, de acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR), empréstimos para firmas de Marcos Valério e teria acompanhado os negócios do grupo junto ao banco. De acordo com a denúncia, o Banco Rural emprestou o dinheiro ao PT porque tinha interesses no governo federal.
Grupo de Valério
No segundo dia dedicado às defesas dos réus, os ministros da Suprema Corte irão ouvir os advogados de quatro integrantes do "núcleo operacional", que, segundo o procurador-geral da República, era comandado por Marcos Valério.
Sobem à tribuna nesta tarde os defensores de Rogério Tolentino, advogado que foi apontado na denúncia como sócio informal de Valério nas agências de publicidade; Simone Vasconcellos, diretora administrativa da SMP&B suspeita de orientar os parlamentares sobre como e onde receber o dinheiro; Geiza Dias, gerente financeira da SMP&B acusada de ajudar a distribuir recursos do valerioduto; e Cristiano Paz, sócio das agências que, supostamente, agia na obtenção dos empréstimos fraudulentos que alimentavam o esquema do mensalão.
O julgamento
Na segunda (6), advogados de José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares, Marcos Valério e Ramon Hollerbach negaram a existência do mensalão, suposto esquema de compra de votos no Congresso para beneficiar o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As defesas de Delúbio e Valério admitiram a prática de caixa 2 - uso de recursos não declarados na campanha eleitoral -, depois da disputa presidencial de 2002.
O julgamento do mensalão começou na última quinta-feira (2) com a leitura do resumo da ação feita pelo relator Joaquim Barbosa, que apresentou o nome dos réus e explicou a quais crimes eles respondem.
Na sexta-feira (3), o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pediu ao Supremo Tribunal Federal a condenação de 36 dos 38 réus do processo e apontou o ex-ministro José Dirceu como líder do grupo criminoso. Ele requereu que sejam expedidos mandados de prisão "cabíveis" ao fim do julgamento.
Gurgel disse estar “plenamente convencido” de que as provas produzidas “comprovam a existência do esquema de cooptação de apoio político descrito na denúncia”