A decisão foi tomada pelo comando de greve, que se reuniu, por volta
das 17h, três horas após o prazo dado pelo juiz Ruy Almeida Britto,
titular da 6ª Vara da Fazenda Pública, expirar.
Ao contrário da expectativa dos acampados, equipes da Polícia Militar
não foram deslocadas ao local para a retirada dos professores. De
acordo com o presidente da AL-BA, Marcelo Nilo, foi assinado um acordo
entre a presidência da Casa e o coordenador do sindicato para que o
local fosse desocupado.
“Não imaginávamos que o acordo fosse
descumprido. Eu, como presidente, jamais cogitei a possibilidade de
utilizar a força policial. Já recebi, em outras ocasiões, diversos
movimentos sociais da Bahia, porém ocupar a AL-BA durante quase 100 dias
ultrapassa o limite da minha paciência”, disse Nilo.
De acordo com o deputado, “eles [os professores] começaram a
prejudicar o funcionamento da Casa, instalados nas dependências da
Assembleia”.
Representantes do comando de greve avisaram que a decisão não
representa um enfraquecimento do movimento, que entra neste sábado, 21,
no 102º dia.
“Não saímos por conta da repressão nem receio de invasão pelos
policiais militares. Estamos mostrando ao governo do Estado da Bahia que
sabemos cumprir leis. Vamos desocupar mesmo sabendo que a Assembleia
Legislativa é a casa do povo, portanto, a nossa morada”, afirmou José
Dias, representante do comando de greve.
Após o anúncio da desocupação, os professores desmontaram barracas,
recolheram os pertences e seguiram em passeata até a entrada principal
da AL, onde discutiram sobre o movimento e indicaram as próximas ações
adotadas pela categoria.
“Na segunda-feira, professores se encontram para reuniões das zonais,
às 9 horas, no Colégio Central, em Nazaré. A próxima assembleia já tem
data marcada para terça-feira, dia 24, na AL”, avisou a
vice-coordenadora do Sindicato dos Trabalhadores da Educação do Estado
da Bahia (APLB), Marilene Betros.
Na manhã de sexta, a categoria se reuniu em assembleia que decidiu
pela continuidade da greve. Na ocasião, a vice-coordenadora foi vaiada
pela categoria ao sugerir o fim da paralisação das atividades.
O final da greve também foi discutido por representantes das centrais
sindicais, o que deixou os professores exaltados. “O final da nossa
luta só poderá acontecer quando toda a categoria for a favor. Ninguém
pode decidir pelos professores a não ser eles mesmos”, retrucou o
coordenador da APLB, Rui Oliveira.
Durante a assembleia, um grupo de cerca de 40 alunos realizaram um
protesto pedindo a resolução do impasse. Com faixas e cartazes, os
alunos exigiram um posicionamento da categoria que estava reunida no
momento para votar a continuidade das paralisações das aulas.
O coordenador Rui Oliveira afirmou que a última proposta entregue na
tarde da última quinta-feira, na sede do Ministério Público, ainda não
foi respondida. “Posso afirmar, sem dúvida, que só tivemos oportunidade
de sentar à mesa de negociação duas vezes. Depois de mais de cem dias de
greve, o governador vai ter que abrir a negociação. Espero que na
terça-feira tenhamos mais notícias a respeito da proposta”, disse.
Secretaria - Por meio da assessoria de comunicação, a
Secretaria Estadual de Educação informou que ainda não teve acesso à
contraproposta da categoria. A TARDE tentou contato com o secretário de
Comunicação, Robinson Almeida, mas não obteve retorno até o fechamento
da reportagem.