"Foi uma hipocrisia". Assim o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
definiu nesta terça-feira (9), em conversas reservadas, a condenação
dos réus petistas do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal. Com o
ex-chefe da Casa Civil José Dirceu nas cordas, a estratégia de Lula para
dar o troco nos adversários consiste, agora, na cobrança diária do
julgamento do "mensalão tucano" e na divulgação de malfeitos que teriam
sido cometidos por integrantes do PSDB.
O ex-presidente telefonou para Dirceu e Genoíno após a condenação FOTO: Divulgação
Lula orientou o candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando
Haddad, a bater nessa tecla no segundo turno da campanha. A ofensiva,
porém, não está circunscrita ao território paulistano. Sempre que a
disputa municipal for contra o PSDB, candidatos petistas têm ordem para
desconstruir os tucanos no campo da ética.
"Se querem fazer o debate da ética, vamos fazer", disse Lula a
candidatos do PT e a prefeitos eleitos do partido, com quem se reuniu.
Depois, pediu aos petistas que não fiquem acuados. "Nós não precisamos
ter medo desse confronto porque não abafamos investigações. Não vamos
apanhar calados nem deixar nada sem resposta."
Telefonemas
O ex-presidente telefonou nesta terça-feira (9) para Dirceu, para
José Genoino, que comandou o PT de 2003 a 2005, e também para Delúbio
Soares, ex-tesoureiro do partido. Foi um gesto de solidariedade para
confortar o trio condenado pelo Supremo, que sempre lhe foi fiel.
Nos últimos dias, Lula conversou muito com o ex-chefe da Casa Civil.
Em várias ocasiões, traçou estratégias com ele e o aconselhou a manter o
silêncio até a eleição. Nos bastidores do PT, a relação entre os dois é
definida assim: Lula fala, Dirceu obedece.
A ideia da nota de desagravo ao ex-presidente, assinada no mês
passado por dirigentes de partidos aliados, é um exemplo dessa
convivência. O manifesto que defendeu Lula das críticas da oposição, em
meio ao julgamento do Supremo, foi produzido a seu pedido, mas passou
pelo crivo de Dirce