quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Luz do Adro


(...) Por mais de 300 anos o povo de Santo Estevão se limitou a repetir um parágrafo que faz referência ao sofrimento causado pela seca e o conseqüente achado pelo padre José da Costa de Almeida. Não se fez nenhum estudo, não se traçou qualquer linha imaginária ao que estava ocorrendo à época, não se observou a presteza das informações contidas no documento elaborado por Antonio Nogueira, padre da Igreja Católica que aqui chegou em 1751. Sequer se identificou onde haveria sido a primeira capela de palha referenciada por ele.

Este estudo, que será traduzido em livro, tem a missão de fazer o leitor viajar na história que se transforma na fundação de Santo Estevão.

Tudo quanto está escrito precisa contar com a sua cumplicidade e abertura para alcançar o entendimento real, pois coisa comum para um padre era, como de fato ainda o é, juntar um rebanho, tornando o seu, fazendo deste um elemento essencial à sobrevivência tranqüila, com visão sublime que os levasse ao desenvolvimento como comunidade. E não foi diferente com Santo Estevam do Jacuhype.

A fundação da Villa de Cachoeira (1698) dá forma ao comando da região que se limita pelos rios Jacuipe e Paraguaçu, com o povoamento de toda essa região. A área onde se insere a sede de nosso município já era cortada pelo caminho que servia de acesso ao sertão baiano a partir de Cachoeira. Daqui desse planalto que habitamos se vislumbrava toda uma região, num limite não inferior a 40 Km.

Tudo começa com o desbravamento e matança de indígenas, sob o comando de João Peixoto Viegas, em 1675, e daí em diante não parou. Os diversos padres portugueses vindos do Seminário de Belém, também em Cachoeira, passaram a povoar essa região, em igual liberdade à dos outros portugueses fazendeiros, todos eles apoiados pela mão forte escrava originária nos países africanos de Angola, Gana, Benim, Nigéria, Moçambique. Mas os padres tinham uma missão outra, a de catequizar os índios escravizados.

Contando com a eliminação dos “perigos existentes” com a extinção dos índios paiaiazes e de outras nações, sob a orientação de João Peixoto Viegas, que queria a catequização desses índios para usá-los como escravos e aliados para lutar contra outros índios que não se deixavam escravizar, a região cresceu e o índio desapareceu.

Mas o desenvolvimento se nos reservava muitas mudanças, dentre elas, a inteligente povoação da nossa atual sede, junto ao caminho para o Sertão. Era a vez do padre José da Costa de Almeida ou mesmo Antonio da Costa de Almeida gravar seu nome e ao mesmo tempo ser esquecido pela história. O desenvolvimento nunca parou, Santo Estevão, se de um lado contava com a natureza a seu favor para crescer, haviam forças que impediam de haver o reconhecimento tácito de seu crescimento, com a sua emancipação. Esquecemos e nada sabemos sobre o valor do advogado Cezar Borges Cabral, para nossa emancipação.

Nesse estudo compreenderemos a forma de como se deu o crescimento da comunidade, os responsáveis pelos avanços ocorridos, e muito mais.

Luz do adro – o titulo desse trabalho começa a ser difundido na comunidade, por haver o reconhecimento em estudo de que a imagem de Santo Estevão, mesmo tendo sido mudada de lugar (de Santo Estevão Velho para Santo Estevão Novo), permanece ao longo dos anos, como brilho que mantêm uma população de mais de 100 mil habitantes na região formada pelos atuais municípios de Santo Estevão, Antonio Cardoso, Ipecaetá e Rafael Jambeiro. Adro é o nosso antigo e reconhecido nome.

Santo Estevão tem seu nome gravado na história, por ter seu povo como partícipe da revolução dos tempos imperiais e sua fundação precedem das datas indicadas atualmente.

O entendimento nos leva a compreender que nossa terra é habitada por portugueses originalmente desde que João Peixoto Viegas “ganhou as terras” em 1675, passando percebida na fundação de Cachoeira em 1698, por já servir de celeiro agrícola e pólo de plantio de fumo, e a partir de 1739 tem sua atenção destacada pela chegada de padre José da Costa de Almeida que se fixou em local estratégico regional, sendo adiante adotada e reconhecida pela Igreja em 1751, por já haver organização real.

Por Francisco Anísio Costa Pinto, autor