TV SUBAÉ ACABA DE ERRAR FEIO NO BA TV AO INFORMAR QUE O CONSAGRADO MAESTRO ESTEVAM MOURA SEJA FEIRENSE
Estevam Pedreira de Moura (Santo Estêvão, 3 de Agosto de 1907 - Feira
de Santana, 8 de Maio de 1951) foi um musicista baiano, compositor de
marchas, dobrados e músicas para bandas filarmônicas.
Biografia[editar | editar código-fonte]
Era o quarto dos cinco filhos de Minervina Carvalho Moura, conhecida
por "D. Vida", e João Pedreira Moura, que exerciam, respectivamente, o
ofício de costureira e pequeno comerciante.
Aos três anos de idade
perdeu o pai, vítima de varíola. Este fato deixou a família em sérias
dificuldades financeiras. Apesar de tudo, "D. Vida", mulher forte e
guerreira, soube criar os seus filhos com dignidade encaminhando-os para
a vida.
Desde criança, Estevam já manifestava sua vocação musical,
emitindo sons em flauta feitas de galhos de mamoeiro, acompanhando os
"barbeiros" que tocavam nas festas da cidade de Santo Estevão. Aos sete
anos foi matriculado na Escola Pública local e, logo cedo, demonstrou
seu interesse pelos livros e pela música. Sua professora, D. Francisca,
notando seu grande potencial musical, incentivou-o ingressar na
Filarmônica 26 de Dezembro, de Santo Estevão, que estava em formação.
Assim, aos doze anos, o grande Estevam Moura iniciou as suas primeiras
aulas de música com o prof. Manoel Luís de França, regente da referida
Filarmônica.
Um fato curioso é que Estevam Moura possuía um
instrumento indígena chamado ocarina, de onde tirava belíssimos sons,
porém ninguém nunca soube como conseguira. Tudo indica que ele mesmo
fabricara. "D. Vida", que morreu bem velhinha, guardava esse instrumento
dentro de um velho baú e só exibia às pessoas muito especiais.
Demonstrando um grande progresso com as notas musicais e dominando
instrumentos de palheta, certa vez houve uma discordância entre Estevam e
o professor França a respeito da colocação de uma nota musical deste
professor em um dobrado composto. Estevam insistia que a nota estava
errada, porém o mestre França batia firme. Discutiram de lá e discutiram
de cá, chegando o fato ao conhecimento do público o que gerou polêmica,
formando em conseqüência uma torcida dividindo a cidade e até a
Filarmônica Lira Cachoeirana, da cidade de Cachoeira (BA), foi
consultada para tirar a dúvida, comprovando finalmente que Estevam
estava com a razão. Diante do ocorrido, o mestre França, envergonhado,
abandonou a cidade de Santo Estevão.
Após esse fato, a regência da
Filarmônica 26 de Dezembro ficou com o professor Sobral. Porém, diante
dos conhecimentos demonstrados por Estevam, o próprio professor Sobral
decidiu passar-lhe a batuta e ele pôde compor o seu primeiro dobrado,
dedicando-o ao Sr. Alício Cerqueira.
Em 1925, em virtude da
decadência econômica da Filarmônica de Santo Estevão, o jovem Estevam
Moura, então com 18 anos de idade, mudou-se para a localidade de Bonfim
de Feira, município de Feira de Santana (BA), a convite do senhor
Godofredo Leite, para reger a Filarmônica Minerva. Ali passou sete anos
da sua vida. Foi uma fase entremeada de bons e maus momentos, não
obstante fértil de criatividade. Compôs belos dobrados, entre eles
"Verde e Branco". O que marcou seus momentos difíceis foi a dificuldade
financeira, pelo fato de ter que vender muitas das suas composições,
principalmente para uma filarmônica da cidade de Ipirá (BA), a fim de
garantir seu próprio sustento.
Em Bonfim de Feira conheceu a jovem
Regina Bastos de Carvalho, com quem manteve um tumultuado romance. A
tradicional família era radicalmente contra o namoro e, para concretizar
o grande sonho, Estevam e Regina tiveram que fugir para Santo Estevão
onde realizaram o casamento. Era o ano de 1931. No ano seguinte, durante
a terrível "Seca de 1932", nasceu Olga Carvalho Moura, sua primogênita.
Diante da situação que a seca impunha, o casal e a recém-nascida foram
residir na cidade de Afonso Pena, hoje Conceição de Almeida (BA), local
onde a seca ainda era amena por esta cidade estar situada no Recôncavo
Baiano.
Em Afonso Pena, Estevam ocupou o cargo de regente da
Filarmônica local. Um ano após, veio com a família para Feira de Santana
onde, em 1934, nasceu seu segundo filho, Ernani Carvalho Moura,
conhecido pelo apelido "Tusca", cujo nome foi inspirado em Ernani Braga,
compositor brasileiro de música erudita.
Compôs um dos mais belos
dobrados para seu filho Ernani, o "Tusca"; compôs também o dobrado
"Arnold Silva", em homenagem a esse grande amigo que na época era
Deputado Federal e já foi prefeito de Feira de Santana (era comum, na
época, dedicar esse tipo de música a pessoas queridas e ilustres,
colocando seus nomes como título); também compôs a marcha "Constelação";
o dobrado "Magnata"; o dobrado "João Almeida"; o dobrado "Vida e
Morte"; o fox "Reveilion" que ficou bastante popular na cidade e que era
tocado em muitas festas; o "Hino do Congresso Eucarístico", realizado
na década de 1940, cuja letra foi do prof. Antônio Sanches Vieira.
Compôs, ainda, muitas Ave-Marias, das quais algumas foram gravadas
recentemente, e são bastante cantadas e tocadas nos novenários da
Senhora Santana, em Feira de Santana.
Seu sonho de compositor era
fundar uma escola de música em Feira de Santana. Chegou a concretizá-lo
ao lado da professora Georgina de Mello Lima Erismann, Gerson Simões e
da professora Carmem, numa casa ao fundo do Asilo Nossa Senhora de
Lourdes. Porém, não foi adiante, devido à falta de verbas e incentivo do
poder público. Para incentivar os jovens nascidos em Feira de Santana
ao gosto pela música, criou o Coral São Miguel com quarenta vozes
masculinas, entre os componentes desse coral figuravam: Valdemar da
Purificação, Cirilo Carneiro, Dorival Oliveira, Manoel Carneiro e o
jovem Dermeval Dórea que se tornou seu genro, casando-se com sua filha
Olga.
Foi professor de música do Ginásio Santanópolis por muitos
anos, e sua querida filha Olga teve o privilégio de ter sido sua aluna.
Recebeu convites para trabalhar como músico no Rio de Janeiro e não
aceitou, atendendo aos apelos da mãe querida que temia nunca mais vê-lo.
Porém, nos anos 1940, chegou a visitar a Cidade Maravilhosa
participando de uma temporada da Banda do Corpo de Bombeiros, de
Salvador (BA).
O Maestro Estevam Moura era um verdadeiro
"gentleman", andava impecavelmente bem vestido na sua intensa vida
social, principalmente nas festas populares, como a Micareta e na Festa
da Senhora Santana, quando regia a Filarmônica 25 de Março nas suas
retretas. O "Hino da Festa de Santana" é de sua autoria. Residia em
frente à Filarmônica Vitória e teve como vizinha a não menos conceituada
Georgina de Mello Lima Erismann, compositora, musicista, com quem
manteve um bom relacionamento, aprendeu piano, fez progresso em
conhecimentos musicais e chegaram a comporem juntos. Estevam Moura tinha
facilidade para compor músicas, tendo escrito o dobrado "Sonho Azul",
durante uma viagem a Santo Estevão, para tocar numa festa de São João, e
o executou naquela mesma noite. Apesar de ter estudado apenas em séries
iniciais do Ensino Fundamental (o antigo Ensino Primário), era culto e
possuidor de uma biblioteca bem atualizada.
Durante a Segunda Guerra
Mundial, pela falta de palhetas importadas para instrumentos de sopro, o
maestro passou a fabricá-las em casa, com a ajuda de toda a família. As
palhetas ficaram conhecidas pela qualidade e ele passou a receber
encomendas de todo Brasil. Convém, ainda, mencionar outro papel
importante que ele exerceu na comunidade: o de Chefe da Guarda Municipal
de Feira de Santana.
Em maio de 1951, Feira de Santana ficou triste
e chorosa e a Bahia perdeu um jovem compositor, prematuramente, aos 43
anos, vítima de um câncer de estômago, embora na época havia sido
diagnosticado equivocadamente como tuberculose. São seus descendentes:
um casal de filhos: Olga e Ernani (falecido em 1991), além de dez netos e
seis bisnetos.
Mesmo após sua morte, suas composições são bastante
executadas em diversas filarmônicas no estado da Bahia e pelo Brasil
afora. É bastante fácil encontrar partituras de composições atribuídas a
Estevam Moura em filarmônicas de cidades como Cachoeira, Maragogipe,
Santo Amaro,Serrinha, etc., e inclusive no Rio de Janeiro.
Curiosidades[editar | editar código-fonte]
Moura inovou na composição dos dobrados inserindo a harmonia coletiva, onde todos os instrumentos fazem variações diferentes.
Um boato corre pela Bahia dizendo que, antes de morrer por conta da
Tuberculose, Moura teria composto um dobrado de nome "O final". Esse
dobrado nunca foi achado.