Professores das áreas das ciências da Natureza e Humanas foram convocados pela SEC e compareceram ontem ao Instituto Anísio Teixeira (IAT) e não esconderam a indignação
“Vamos retornar para as salas de aula porque fomos
obrigados. Isso não significa dar uma aula de qualidade. Não há
planejamento, não há organização”. A opinião do professor de Filosofia
da rede estadual de ensino Hilton Leal foi repetida diversas vezes
durante o cadastramento dos 1.200 docentes convocados pela Secretaria
Estadual de Educação (SEC).
O chamado foi publicado no Diário Oficial do Estado
na terça e prevê que 545 professores em estágio probatório (concursados,
mas que ainda não foram efetivados) e 706 em Regime Especial de Direito
Administrativo (Reda), que apresentam contrato temporário, retornem às
atividades para lecionarem aos 22 mil estudantes do terceiro ano, em
Salvador. A Secretaria de Comunicação do governo (Secom) diz que esses
alunos devem retornar no dia 25.
A superintendente de Recursos Humanos da SEC,
Cláudia Cruz, explica que a convocação foi orientada pela
Procuradoria-Geral do Estado (PGE), assegurando que esses profissionais
podem ser obrigados a volta a trabalhar. O objetivo é priorizar os
alunos que prestarão vestibular este ano e - por causa da greve dos
professores estaduais que já dura 71 dias - não poderão repor as aulas
até janeiro.
“Eles não podem ser incluídos no planejamento dos
outros estudantes. Eles vão tentar o Enem e vestibulares e a demora da
greve já é muito grande”, diz ela.
A SEC não informou quando a convocação se estenderá
para o interior e hoje, às 9h, o secretário de Educação, Osvaldo
Barreto, vai explicar o plano detalhado de ensino para os alunos do
terceiro ano.
Convocação
Cruz afirma ainda que a convocação dos professores foi dividida em dois dias e será feita na sede do Instituto Anísio Teixeira (IAT), na Estrada das Muriçocas. Ontem, compareceram os docentes nas áreas de Ciências da Natureza e Ciências Humanas. Hoje será a vez das disciplinas Matemática e Linguagens.
Cruz afirma ainda que a convocação dos professores foi dividida em dois dias e será feita na sede do Instituto Anísio Teixeira (IAT), na Estrada das Muriçocas. Ontem, compareceram os docentes nas áreas de Ciências da Natureza e Ciências Humanas. Hoje será a vez das disciplinas Matemática e Linguagens.
Ela garante que no IAT, eles poderão escolher
“dentro do possível”, as escolas que querem trabalhar e tiveram uma
breve orientação pedagógica do Plano Emergencial de Reposição de Aulas.
“A partir de amanhã (hoje), os professores terão uma orientação mais
completa nas unidades de ensino que vão lecionar”, diz.
Quem esteve no local, criticou a desorganização e
diz que saiu de lá com mais dúvidas do que esclarecimentos. “Convocaram
sem ao menos dizer para o que era. Lá eles não respondiam
questionamentos mínimos como, por exemplo, como será feito o plano de
aulas. É uma forma maquiavélica de nos intimidar”, reclama o professor
de Filosofia em estágio probatório Rafael Teixeira.
“Perguntei que dia voltaremos e como será
organizado o conteúdo e a funcionária me disse: me mandaram entregar os
formulários, mas nem sei direito o que estou fazendo. É uma farsa”,
completa um professor de Geografia contratado pelo Reda.
Mapa
Os professores alertam que ao voltarem para a sala de aula, os alunos do terceiro ano vão se deparar com profissionais despreparados. “Sou professora do ensino fundamental, de 5ª à 8ª série. Nunca dei aula para o terceiro ano. Posso entrar na sala, mas dar conteúdo é outra coisa”, opina uma professora de História. Já o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Bahia (APLB), Rui Oliveira, condenou a atitude. “É uma medida desesperada".
Os professores alertam que ao voltarem para a sala de aula, os alunos do terceiro ano vão se deparar com profissionais despreparados. “Sou professora do ensino fundamental, de 5ª à 8ª série. Nunca dei aula para o terceiro ano. Posso entrar na sala, mas dar conteúdo é outra coisa”, opina uma professora de História. Já o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Bahia (APLB), Rui Oliveira, condenou a atitude. “É uma medida desesperada".
Claudia Cruz diz que os professores convocados
receberão em julho o pagamento proporcional aos dias trabalhados em
junho. “Já sobre a situação dos professores que não lecionam para o
terceiro ano, a secretaria priorizou os que já ensinam para o nível
médio, mas alguns do fundamental foram chamados. Eles têm licenciatura
completa e, portanto, têm capacidade de dar aula a qualquer turma”,
defende.
Convocados 250 aprovados em concursoA Secretaria de
Comunicação do Estado (Secom) divulgou ontem que 250 professores do
ensino fundamental e médio aprovados em concurso público do estado em
2010 serão convocados hoje em publicação no Diário Oficial do Estado.
De acordo com a Secom, deste total, 151
profissionais vão atuar em Salvador e Região Metropolitana. Os 99
restantes serão alocados na Diretoria Regional de Educação de Feira de
Santana (Direc). O docente tem cinco dias úteis para se apresentar à
sede da Direc a que pertence o município.
A Secom informa que esta é a quarta convocação do
concurso que aprovou cinco mil candidatos. A assessoria da Secretaria
Estadual de Educação (SEC) diz que nada sabe sobre a convocação e
ninguém da Secretaria de Administração (Saeb) foi encontrado para
explicar a partir de que dia os professores começarão a lecionar.
Nova assembleia mantém greve
Mais uma vez, os professores estaduais decidiram por unanimidade manter a greve que completa 71 dias e garante aos grevistas o terceiro mês sem salários. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB-Sindicato), Rui Oliveira, não esconde que o ano letivo está comprometido, mas não assume a culpa. “É responsabilidade do governo garantir o ano letivo, não é do professor”, salienta.
Durante a assembleia de ontem, Rui Oliveira não poupou palavras para atacar o governo. Para ele, a convocação de professores em estágio probatório e em Regime Especial de Direito Administrativo (Reda) é uma demonstração do descaso com a educação. Além disso, o presidente do APLB acusa o governo estadual de confiscar R$ 380 mil que seriam destinados ao sindicatos. O valor seria referente à contribuição de 1% do salário-base dos professores. “O dinheiro não é do governo, é do sindicato. O repasse não poderia ser cortado”, ataca.
Este foi o primeiro mês que o sindicato não recebe sua verba, mas o terceiro que professores recebem um contracheque zerado. “Me tornei uma pessoa inconveniente”, afirma Suzete Vasconcelos, 47. A professora depende da ajuda de amigos, colegas e das feiras realizadas pelo sindicato na Piedade.
Mais uma vez, os professores estaduais decidiram por unanimidade manter a greve que completa 71 dias e garante aos grevistas o terceiro mês sem salários. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB-Sindicato), Rui Oliveira, não esconde que o ano letivo está comprometido, mas não assume a culpa. “É responsabilidade do governo garantir o ano letivo, não é do professor”, salienta.
Durante a assembleia de ontem, Rui Oliveira não poupou palavras para atacar o governo. Para ele, a convocação de professores em estágio probatório e em Regime Especial de Direito Administrativo (Reda) é uma demonstração do descaso com a educação. Além disso, o presidente do APLB acusa o governo estadual de confiscar R$ 380 mil que seriam destinados ao sindicatos. O valor seria referente à contribuição de 1% do salário-base dos professores. “O dinheiro não é do governo, é do sindicato. O repasse não poderia ser cortado”, ataca.
Este foi o primeiro mês que o sindicato não recebe sua verba, mas o terceiro que professores recebem um contracheque zerado. “Me tornei uma pessoa inconveniente”, afirma Suzete Vasconcelos, 47. A professora depende da ajuda de amigos, colegas e das feiras realizadas pelo sindicato na Piedade.
“Os amigos sabem como está minha situação, aí
ajudam pagar conta de água e luz”, explica. Mãe de Lorena Vasconcelos,
17 anos, e Emanuel Vasconcelos, 18, Suzete se preocupa com os estudos
dos filhos, e garante que este ano, a filha mais nova – que cursa o
terceiro ano – vai fazer o Sistema de Seleção Unificada (Sisu) com a
nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) do ano passado.
Com informações do repórter Fábio Araújo
Com informações do repórter Fábio Araújo