segunda-feira, 9 de julho de 2018

Mulher é vítima de racismo ao deixar restaurante no Canela

  
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A tecnóloga em Petróleo e Gás Marleide Nogueira, de 44 anos, é mais uma vítima do racismo em Salvador. Na sexta-feira, 6, ela estava no restaurante Canela com Pimenta, na rua Marechal Floriano (Canela), para assistir ao jogo entre Brasil e Bélgica, mas o que começou como um programa de família e amigos terminou em caso de polícia.
Em determinado momento, Marleide deixou o restaurante para buscar um material no carro e foi insultada por uma moradora do prédio vizinho ao restaurante, que a chamou de “lixo” e “macaca”. Segundo a vítima, os xingamentos foram feitos de forma gratuita.
“Ao sair, eu percebi que, no primeiro andar, havia uma senhora com o celular na mão. Eu achei estranho e, quando passei para voltar ao restaurante, ela fez um gesto com os dedos. Depois, vi que ela estava fotografando as pessoas e direcionou o celular para mim. Então eu falei ‘uma senhora da sua idade fazendo uma coisa feia dessas?’. Aí ela me respondeu: ‘Sabe o que você é? Um lixo, uma macaca’”, relata Marleide.
A vítima afirma que não assimilou a situação imediatamente, o que aconteceu somente após a mulher repetir os insultos, e reagiu chamando a moradora de racista. Mesmo com os outros clientes apoiando Marleide, a mulher continuou rindo e fazendo gestos obscenos para as pessoas.
“Eu fiquei transtornada e nós resolvemos chamar uma viatura. Ligamos cinco vezes e, em uma delas, tentei sensibilizar a agente com a situação que meu filho autista presenciou. Mas a viatura não veio, então nós fomos à delegacia dos Barris para fazer um boletim de ocorrência”, explica Marleide, que vai retornar à delegacia às 10h desta segunda-feira, 9, para prestar depoimento à delegada.
A agressora, que não teve a identidade revelada, já é conhecida dos funcionários e frequentadores do restaurante. “As pessoas me disseram que ela é problemática, que tinha aquele perfil. Então eu resolvi dar uma resposta àquela mulher e expor a situação, porque há pessoas que não acreditam que existe racismo. Ela gerou um transtorno terrível na minha alma. O propósito do racismo é matar a nossa identidade, o que nós somos. Eu senti isso na pele e machuca demais, e nós precisamos colocar o dedo nesta ferida. Eu vou até o fim”, enfatiza.
Marleide utilizou seu perfil no Facebook para fazer um desab