A Operação Lava Jato vai completar três anos em março. Tendo como
magistrado o temível Sérgio Moro, a nossa "Mãos Limpas dos trópicos"
prendeu dezenas de executivos e um punhado de políticos, entre eles
Eduardo Cunha, o ex-todo-poderoso-presidente-da-Camara, e para trazer o
assunto para a Bahia, o ex-deputado federal Luiz Argolo.
Já são três anos de expectativa de ex-petistas, anti-lulistas e
odiadores da esquerda para que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
seja engaiolado por Moro.
Não sobram convicções de que Lula é chefe de quadrilha. Entretanto, se
ele é mesmo o 'o poderoso chefão', a engrenagem da corrupção a partir
dele é tão hermética que as provas teimam em não aparecer. E lá se vão
três anos de investigação.
Enquanto isso, o que acontece entre a população brasileira é algo para
estudo aprofundado. Nas duas últimas pesquisas - uma da Confederação
Nacional de Transportes e a outra da Paraná Pesquisas -, Lula venceria
facilmente a disputa pela presidência do Brasil. Aécio Neves, Marina
Silva, Geraldo Alckmin, só para ficar nos mais proeminentes opositores a
Lula, não chegam a fazer cócegas. E é aí que mora o perigo.
A onda conservadora é crescente no mundo. No Brasil não é diferente e
Jair Bolsonaro não me deixa mentir. Aparece nos dois levantamentos em
segundo lugar, abaixo apenas de Lula.
Da última pesquisa, a do Instituto Paraná, o que me deixou estarrecida
foi perceber que são os jovens, com idade entre 16 e 24 anos, os seus
maiores apoiadores. Uma juventude que possivelmente desconhece a
história. Uma juventude que, ao lançar mão do mantra "mas não tem
nenhuma denúncia de corrupção contra ele", relega ao milésimo plano as
conseqüências da eleição de um conservador de ultradireita na
presidência. Não sou Regina Duarte, mas tenho medo.
Quanto ao Lula, parece que a veiculação diária de denúncias que recaem
sobre ele e seu grupo tem servido como antídoto. Quanto mais apanha,
mais se fortalece. Se continuar assim, apanhando e crescendo, vai fazer
temer o mais ferrenho opositor ao lulismo.
E para quem torce por sua prisão, cuidado. Ele pode virar um herói.
Cíntia Kelly é jornalista da editoria de política do Bocão News e escreve neste espaço toda quarta-feira.