Um levantamento do Conselho Federal de Medicina (CFM) divulgado nesta segunda-feira (2) mostra o sucateamento de 952 unidades básicas de saúde fiscalizadas pelo órgão. Os números apontam que 331 estabelecimentos tinham mais de 50 itens em desconformidade com o padrão estabelecido pelas normas sanitárias, enquanto 100 apresentavam mais de 80 itens fora dos padrões. Em 38 unidades visitadas, não havia sequer consultório médico. Segundo o CFM, foram avaliados ambulatórios, unidades básicas de saúde, centros de saúde e postos dos programas de Saúde e de Estratégia da Família do Sistema Único de Saúde (SUS). O levantamento mostrou que várias unidades fiscalizadas não tinham sanitário adaptado para pessoas com deficiência, não possuíam salas de esterilização e nem sala para depósito de material de limpeza. O CFM também alertou ter encontrado estabelecimentos sem seringas, agulhas, material para curativos, desfibriladores e equipamentos para atendimento de parada cardiorrespiratória. O levantamento será encaminhado aos secretários estaduais de Saúde e ao Ministério Público Federal. O presidente do CFM, Carlos Vital, afirmou que “essa amostra revela uma tendência: sabemos, por meio de reclamações e protestos dos médicos, das dificuldades”. "[O quadro] reflete o descaso, o descuido e a ausência de uma política de recursos humanos para o Sistema Único de Saúde", completou. Em nota, o Ministério da Saúde informou que desenvolve há quatro anos um programa para construção e melhoria de unidades básicas de Saúde (UBS), o Requalifica UBS, e que, desde que o projeto foi lançado, R$ 5 bilhões pelo governo federal para que os municípios pudessem construir ou aperfeiçoar outras UBS pelo país. Atualmente, 40,6 mil UBS estão em funcionamento no país. A pasta ainda informou que o investimento atual na atenção básica dobrou nos últimos quatro anos, alcançando R$ 20 bilhões em 2014.