domingo, 14 de outubro de 2012

Parentes se elegem no lugar de fichas-sujas


Um grupo de candidatos a prefeito ameaçados pela Lei da Ficha Limpa usou uma brecha na legislação para chegar ao poder.
Um dos casos é na prefeitura de Conde, no litoral da Bahia. Segundo matéria da Folha de S. Paulo, Paulo Madeirol (PSD), considerado ficha suja pela Justiça Eleitoral, renunciou à candidatura para eleger a mulher, Marly Madeirol (PTN), e disse que a cidade terá dois prefeitos. 
Marly foi eleita 53,68% dos votos. "Mas o prefeito de fato sou eu", disse Madeirol.
Para driblar a legislação, os candidatos renunciaram às vésperas das eleições e colocaram como substitutos filho, filha, mulher, neto, irmão, irmã, pai, sobrinho e até uma cunhada.

A estratégia da renúncia seguida de substituição, permitida pelas regras eleitorais, foi adotada por 157 candidatos a prefeito com registros indeferidos pela Justiça. Segundo a Folha, desses, ao menos 68 escalaram familiares. O plano deu certo para 33 deles (48%), que venceram a disputa.
Todos esses que renunciaram estavam tecnicamente barrados pela Justiça Eleitoral, mas poderiam disputar a eleição, caso recorressem. Nenhum, porém, arriscou levar o caso ao TSE ou ao Supremo Tribunal Federal. De acordo com Ophir Cavalcante, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a transferência de candidatura para familiares “como se fosse uma capitania hereditária” é uma tentativa de burlar a legislação eleitoral. Para ele, essa atitude pode embasar a impugnação das candidaturas.
Essas trocas de candidato ocorreram na semana da eleição e, em alguns casos, não houve tempo nem para mudar os registros das urnas. Um exemplo desse ocorreu em Iepê, em São Paulo