terça-feira, 23 de outubro de 2012

Darino Sena: Mais dos mesmos: maus hábitos da dupla Ba-Vi

 

Darino Sena


 
 



Ricardo Silva é o novo técnico do Vitória. Risco de rebaixamento tricolor sobe. Parecem notícias bem velhas, mas foram as manchetes de ontem no noticiário esportivo.  E lá se foi a esperança de um fim de ano tranquilo pro nosso torcedor.


A cartolagem do Vitória, mais uma vez, mostrou sua incapacidade de gerir crises. Deixou  Carpegiani sozinho na guerra de vaidades com alguns jogadores. Numa queda de braço desigual, venceu a monarquia de Uelliton, o Rei da Toca.


O diretor de futebol apareceu na coletiva pra anunciar a demissão de Carpegiani. Eu me pergunto o que os cartolas fizeram para evitar a queda atual. Será que cobraram o treinador pelas mudanças técnicas e táticas que influíram na involução da equipe? Os jogadores, pelas atuações bem abaixo das que levaram o time ao topo? Tentaram mediar e resolver os conflitos entre comissão e atletas? Puniram quem desrespeitou publicamente a autoridade do treinador? E essa autoridade, será que foi mesmo legitimada por quem manda? Aliás, quem manda no Vitória: o técnico, os jogadores ou a diretoria? Os cartolas botaram lenha na fogueira, tentaram conter o fogo ou deixaram a brasa arder?


Só não resta dúvida sobre o queimado: Carpegiani. A justificativa oficial para a saída foi o desgaste com os jogadores. Agora cabe a eles provarem que o maior problema da má fase era mesmo o técnico. Como? Jogando a bola que parecem ter esquecido na primeira fase, falando menos e rendendo mais.


Ricardo Silva é a solução. De novo?! Nada contra Ricardo, que já mostrou competência em outros incêndios. Mas se a atual cartolagem confia tanto nele - é quem mais vezes treinou o Vitória na era Alexi Portela - , por que ser sempre e somente um quebra-galho? Por que não dá oportunidade real pro cara se firmar? A costumeira “efetivação provisória” - pasmem, isso existe! - de Ricardo desvaloriza-o e evidencia a fragilidade dos propalados planejamento e organização da gestão
rubro-negra.


Continuo acreditando. Os três próximos jogos são pedreira - CRB, São Caetano e Bragantino, único time a bater o rubro-negro no Barradão no primeiro turno. Esse trio ainda tem pelo que brigar. Os alagoanos e o Braga, contra a degola; o Azulão, pra subir. Mas três dos quatro últimos jogos são contra times para os quais a segundona 2012 nem fede e nem cheira mais - América-MG, Joinville e Ceará (o outro é contra o Guaratinguetá).   O Vitória tem que subir.



Fazendão   No Bahia, os maus hábitos também se repetem. A última Série A tranquila foi em 2001, quando o clube terminou entre os oito melhores. De lá pra cá, é só sufoco. O Bahia nunca ficou sequer entre os 10 primeiros, nem momentaneamente, nas três edições do Brasileirão de pontos corridos que disputou - 2003, 2011 e 2012.


A recuperação neste início de segundo turno deu a impressão de que as coisas seriam diferentes. Ledo engano. Uma rápida olhada pra trás mostra que o Tricolor parou no tempo. Ano passado, na mesma 32ª rodada, estágio do atual Brasileirão, a campanha era  idêntica - 36 pontos, oito vitórias, 12 empates e 12 derrotas. A diferença era o aperto - um pouco menor. Em 2011, o Bahia era 15º, com quatro pontos de vantagem para os quatro últimos rebaixáveis. Este ano, o time tem uma posição e um ponto a menos de frente pra zona da degola.
Infelizmente, a dinâmica futurista e o Dade (Departamento de Análise e Desempenho) do Bahia não conseguiram achar substitutos à altura pra Hélder e Souza e nem para os demais titulares. A consistência do time de Jorginho ruiu. O torcedor se vê, de novo, imerso na sufocante, irritante, constante e medíocre sina - lutar pra não cair. Até quando?

Darino Sena é comentarista da TV Bahia e escreve às terças-feiras