Ex-deputado
pelo velho MDB de São Paulo, ele foi flagrado um dia desses elaborando a
lista das maiores mentiras que circulam como verdades absolutas em todo
o território nacional. Não foi possível conhecer todas, primeiro pela
cautela de Bierremback em tornar públicos pensamento íntimos. Depois,
porque não terá completado a relação, preferindo analisar mais a fundo
alguns aspectos da arte de enganar a sociedade, praticada pelas elites.
A
primeira mentira é chocante. Sustenta que “a Previdência Social está
falida”. Não é verdade, rabisca o ministro em seus alfarrábios. Os
recursos da Previdência Social, se não fossem historicamente desviados
para outras atividades, dariam para atender com folga e até com
reajustes anuais maiores os pensionistas e aposentados. Basta atentar
para o que anunciaram, quando ministros, Waldir Pires, no governo
Sarney, e Antônio Brito, no governo Itamar Franco. Nada mudou, apesar de
que quando assumiu, Fernando Henrique Cardoso dedicou-se a espalhar a
falência imediata, certamente vítima da febre privatizante, que jamais
deixou de cobiçar a Previdência Social pública.
Outra
mentira imposta ao Brasil como verdade, conforme Bierremback, é de que
“estamos inseridos no mundo globalizado”. Para começar, globalizado o
planeta não está, mas apenas sua parte abastada. O fosso entre ricos e
pobres aumenta a cada dia, bastando lançar os olhos sobre a África, boa
parte da Ásia e a América Latina. O número de miseráveis se multiplica,
sendo que os valores da civilização e da cultura são cada vez mais
negados à maioria. Poder falar em telefone celular constitui um avanço,
mas se é para receber eletronicamente informações de que não há vagas,
qual a vantagem?
Como
consequência, outra mentira olímpica surge quando se diz “que o
neoliberalismo é irreversível”. Pode ser para as elites, sempre ocupando
maiores espaços no universo das relações individuais, às custas da
continuada supressão de direitos sociais e trabalhistas. Se
neoliberalismo significa o direito de exploração do semelhante, será uma
verdade, mas imaginar que a Humanidade possa seguir indefinidamente
nessa linha é bobagem. Na primeira curva do caminho acontecerá a
surpresa.
Na mesma
sequência, outra mentira: “o socialismo morreu”. Absolutamente. Poderá
ter saído pelo ralo o socialismo ditatorial, por décadas liderado pela
ex-União Soviética, mas o socialismo real, aquele que busca dar aos
cidadãos condições de vida digna, a cada um segundo sua necessidade,
tanto quanto segundo a sua capacidade. O que não pode persistir, e
contra isso o socialismo se insurge, é a concentração sempre maior de
riqueza nas mãos de uns poucos. Não pode dar certo.