Foto: Lázaro Menezes/Ascom-IPAC
A Festa do Bembé do Mercado
A
Festa do Bembé do Mercado, que ocorre todos os anos no mês de maio no
município de Santo Amaro da Purificação, na região do Recôncavo Baiano,
para comemorar a libertação dos escravos de 1888, já será realizada
oficialmente, em 2013, como Bem Imaterial da Bahia.
O evento é considerado um 'candomblé de rua' por ter tido, desde os
seus primórdios a maciça presença das culturas de matrizes africanas.
A festa tem participação de integrantes de candomblés e é considerada
importante por antropólogos e historiadores por registrar momento
espontâneo marcante e de reafirmação de afrodescendentes na história do
Brasil.
A solicitação para que a festa se tornasse Patrimônio Imaterial da Bahia partiu da Sociedade Civil Terreiro Ilê Axé Oju Onirê.
“Qualquer cidadão pode fazer pedido para os bens culturais da Bahia
sejam estudados, desde que representados por uma instituição ou entidade
inscrita e registrada como orientam as legislações”, diz o diretor
geral do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC),
Frederico Mendonça.
A autarquia vinculada à Secretaria de Cultura do Estado (Secult) é
responsável pela política pública de salvaguarda dos bens culturais
baianos, sejam eles materiais ou intangíveis.
O diretor do IPAC explica que a inclusão de um Bem Imaterial no Livro
do Registro Especial dos Eventos e Celebrações da Bahia é decidido pelo
Conselho Estadual de Cultura da Bahia.
“O IPAC realiza pesquisas conceituais e imagéticas, reflexões
históricas e antropológicas, entrevistas e vídeodocumentários de forma a
compor um extenso dossiê que é enviado ao CEC”, relata Mendonça. Como
instância de maior representatividade da Cultura na Bahia, o CEC pode
acatar ou não o parecer de registro do IPAC.
No caso da Festa do Bembé o CEC acatou o pedido do IPAC e o
governador Jaques Wagner referendou a decisão via o decreto nº 14.129
publicado no Diário Oficial do Estado no último dia 15 de setembro
(2012).
História - De acordo com memórias das comunidades
envolvidas na festa, o Bembé teve início em 13 de maio de 1889 – um ano
após o decreto que aboliu a escravidão no Brasil – quando negros de
Santo Amaro, a 83 km de Salvador, resolveram comemorar a liberdade.
Desafiando as inúmeras restrições ao livre exercício da cidadania dos
ex-escravos e seus descendentes, durante três dias, a comunidade negra
da cidade decidiu convocar os Candomblés para “baterem” em louvor aos
Orixás.
A manifestação foi iniciada por João de Obá, ex-escravo de origem
malê e pai-de-santo. Durante a semana outras manifestações culturais
acontecem como maculelê, capoeira e samba de roda. Segundo o gerente de
Patrimônio Imaterial do IPAC, Roberto Pellegrino, o Bembé envolve
aspectos históricos dos âmbitos político, social, religioso e de
interpretação. “Esses signos e símbolos estão presentes por toda a
manifestação que é singular e relevante como bem cultural”, afirma
Pellegrino.