Papa Francisco durante celebração missa neste 19 de
fevereiro - TIZIANA FABI / AFP
CIDADE DO
VATICANO — Papa Francisco descreveu como “inimigos”, neste domingo, aqueles que
“falam mal de nós e nos caluniam”, ao mesmo tempo em que assegurou que “a
retaliação nunca leva à resolução de conflitos”. Por isso ele pediu para a
população responder “com o bem” a série de cartazes e de sátiras que surgiram
espalhados pelas ruas da Cidade do Vaticano nas últimas semanas.
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— Quando
falamos de inimigos devemos pensar também em nós mesmos, que podemos entrar em
conflito com o nosso próximo, e, às vezes, com a nossa própria família — disse
o Papa durante o Angelus de domingo, da varanda do palácio Apostólico. — Os
inimigos são todos aqueles que falam mal de nós, que nos caluniam e nos fazem
mal. E não é fácil de digerir isso. E estamos chamados a responder todos eles
com o bem, que também tem as suas estratégias, inspirado pelo amor.
A fala
foi considerada uma resposta implícita à série de críticas de setores
conservadores que o pontífice recebeu nas últimas semanas. Durante sua mensagem
na frente de milhares de fiéis na Praça de São Pedro, Francisco recordou que
“já nos Evangelhos é claro que a lei do amor ultrapassa o de retaliação, que
olho por olho e dente por dente”.
— Devemos
distinguir entre justiça e vingança, que nunca é justa — destacou ele antes de
lamentar “quanto inimizade no seio das famílias”. — A retaliação nunca leva à
resolução de conflitos.
Após
começarem a aparecer no Vaticano, no início de fevereiro, cartazes anônimos e
uma edição apócrifa do jornal oficial do Vaticano, “L'Osservatore Romano”, com
duros questionamentos sobre o papado de Francisco, os grupos críticos
continuaram esta semana com firmes ofensivas contra o Papa com uma versão
satírica de uma canção clássica de 1950.
Tanto a
música quanto os cartazes denunciam uma suposta ‘tirania” do pontífice e
protestam contra sua atitude de conceder o perdão aos divorciados e às mulheres
que fizeram aborto.
Em um
vídeo com a paródia da canção divulgado no Youtube, os críticos perguntam:
“Quando estaremos livers desta tiraniacruel?”.
Há duas
semanas, os líderes das principais organizações pró-vida nos Estados Unidos —
que são contra a interrupção da gestação — se reuniram com o Cardeal Raymond
Burke, um dos quatro signatários de uma carta que causou polêmica ao questionar a
legitimidade das ações do líder da Igreja Católica. A carta ficou sem resposta
do Papa, o que enfureceu mais os críticos conservadores.