Foto: TV Globo
O humorista e comediante Chico Anysio
Morre Chico Anysio: humorista faleceu nesta sexta-feira (23), no Rio, em decorrência de paradas cardio-respiratórias
Batizado Francisco Anysio de Oliveira Paula Filho,
Chico Anysio
nasceu no dia 12 de abril de 1931, em Maranguape, no interior do Ceará.
Mudou-se com a mãe e três irmãos para o Rio de Janeiro quando tinha
oito anos. O pai ficou na cidade natal para tentar se reerguer após
perder toda a frota de sua empresa de ônibus num incêndio.
Chico sempre estudou em boas escolas durante a infância. Pretendia
ser advogado, mas a vocação de comediante e as oportunidades que lhe
foram surgindo levaram-no a escolher outra profissão.
Foto: Divulgação
Chico Anysio aos 18 anos de idade, em 1949
Início da carreira
Com dezesseis anos, começou a participar de programas de calouros no
rádio. Sua primeira apresentação foi no programa líder de audiência
“Papel Carbono”, apresentado por Renato Murce na Rádio Nacional. Com seu
número, o humorista ganhou o primeiro lugar e utilizou o prêmio em
dinheiro para comprar uma bicicleta para o seu irmão mais novo, Zelito –
que no futuro seria o cineasta
Zelito Viana, pai de
Marcos Palmeira.
O jovem Chico Anysio ficou tão popular que os programas de calouros
pararam de aceitá-lo, pois ele sempre faturava os concursos. Ainda em
1947, ele deixou de ir a uma partida de futebol com os amigos para
acompanhar sua irmã em um teste na Rádio Guanabara. Saiu da emissora com
o emprego de locutor e rádioator.
Na Guanabara, Chico mostrou muitos dos seus talentos. Com apenas
quinze dias de trabalho, virou locutor nas madrugadas, ator de
rádionovela, comentarista esportivo e redator de programas humorísticos.
Pouco tempo depois, abandonou de vez as rádionovelas para atuar como
comediante.
Em 1949, foi convidado para trabalhar na rádio Mayrink Veiga, onde
escrevia treze programas por semana. De lá, passou pela Rádio Clube
Pernambuco e Rádio Clube do Brasil. Até que, em 1952, foi levado de
volta para a Mayrink, como ator e diretor de vários programas. Nessa
época, deu origem ao personagem que o consagrou: o Professor Raymundo,
que fazia o quadro de encerramento do programa “A cidade se diverte”.
Foto: Reprodução
Chico Anysio em apresentação teatral em 2009
Estreia na TV
Já em 1957, estreia na televisão no programa humorístico “Aí Vem Dona Isaura”, estrelado por
Ema D'Ávila
na TV Rio. Nos anos seguintes, Chico Anysio foi redator de vários
programas de humor, como “Milhões de Napoleões”, e participou de muitos
outros, como o “Noites Cariocas”.
Após uma passagem relâmpago pela TV Excelsior (onde nem chegou a
estrear), Chico voltou para a TV Rio, que tinha um novo diretor de
programação:
José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o
Boni. Ele também trabalhou na Tupi e na Record e, em 1968, desistiu de
fazer televisão e investiu em seus shows de comédia no teatro.
Chico Anysio voltou para a televisão no ano seguinte em um humorístico transmitido pela TV Globo. Dirigido por
Daniel Filho,
o programa foi um sucesso e lhe garantiu um contrato com a emissora
carioca – onde ele permaneceu até morrer, totalizando 42 anos como
contratado da TV Globo.
Foto: TV Globo
Chico Anysio com o diretor Daniel Filho
Na emissora, estrelou diversos humorísticos, como “Chico City”
(1973-1980), “Chico Anysio Show” (1982-1990), “Chico Total” (1995), “O
Belo e as Feras” (1999), entre outros. Em todos eles, criou inúmeros
personagens marcantes que lançaram bordões e marcaram época.
Foto: TV Globo
Chico Anysio em participação especial no "Sítio do Picapau Amarelo"
Novelas
Nos últimos dez anos, Chico passou a atuar em novelas, seriados e
programas da TV Globo. Entre as novelas, “Terra Nostra” (1999), “Sinhá
Moça” (2006) e “Caminho das Índias” (2009). Também apareceu na versão
moderna do "Sítio do Picapau Amarelo" (2005) e em programas como "A
Diarista" (2004) e "Guerra e Paz" (2008).Veja no vídeo algumas das mais
marcantes criações de Chico Anysio:
Cinema, teatro, música, literatura e artes plásticas
Apesar de se definir como um ator de televisão, Chico Anysio também
teve incursões no cinema e no teatro. Na telona, ele participou de
várias chanchadas como ator e roteirista durante a década de 50. E nos
palcos, realizou inúmeras apresentações, acumulando mais de 10 mil shows
no Brasil e fora dele.
Em seus mais de 60 anos de carreira, o comediante também se aventurou
em outras áreas. Na música, ele gravou mais de 20 álbuns com
composições de sua autoria. Na literatura, publicou mais de quinze
livros entre contos, romances e biografias. Como pintor, participou de
dezenas de exposições dentro e fora do Brasil, vendendo seus quadros por
alguns milhares de reais.
No cinema, sua atuação mais conhecida foi em “Tieta” (1996), de Cacá Diegues, onde encarnou o pai da protagonista (
Sônia Braga).