Uma jovem de 19 anos foi agredida em um
ponto de ônibus no bairro de Brotas por ter "cara de sapatão". O caso
foi na última quarta-feira e a vítima o relatou para o jornal Extra.
Procurada pelo Correio24horas, a jovem afirmou que não gostaria de dar
entrevista.
"Quando ele me forçou no muro e me deu um tapa,
disse que era pra eu deixar de ser abusada e responder quando um homem
falar comigo, porque ‘gente da minha raça é a escória desse país e tinha
que ser eliminada’", relatou a jovem, que estava sozinha no ponto de
ônibus com o agressor.
"Ele veio assediando, com um tom de ameaça de
estupro, que ia “me arregaçar inteira”, mas até aí achei que era só
misoginia. Então ele me chamou de sapata nojenta e disse que eu ia
apanhar muito por causa dessa “cara asquerosa de sapatão”. Disse que
“essa merda se resolve em um mês, amarrando e f* todo dia", detalhou.
A garota recebeu socos, pontapés e bateu a cabeça
contra o chão. Ela relatou que temeu ser estuprada durante o ataque e
afirmou ter ficado deitada para evitar passar mal. O rosto da vítima
ficou com um grande hematoma roxo. Ela também ficou com muita dor de
cabeça depois do ataque. "Durante a semana, eu fiquei um pouco confusa e
errando coisas muito simples, mas pode ser só pelo stress e pode passar
com o tempo. Ainda não tive o resultado do neurologista", explica.
Agressões
Aos
15 anos, a jovem já havia sofrido uma agressão similar ao andar de mãos
dadas com a namorada. Há 5 anos ela pratica muay thai para conseguir se
defender. "Eu fui fazer (a ocorrência) porque um amigo me pediu muito,
pra marcar nas estatísticas. Acho que não vai dar em nada. Não tenho
muita esperança. Não foi só por não ser hetero, foi por ser mulher".
Apesar do relato da jovem, a assessoria da Polícia
Civil informou que não encontrou o registro de ocorrência do caso. Ela
chegou a postar um desabafo sobre o caso com uma foto do rosto
machucado, mas apagou depois. "Por postura pessoal minha, prefiro
enterrar e seguir. O post é obviamente sobre lesbofobia, mas meu
interesse nele é lembrar que mulheres são agredidas dentro de casa e
isso passa batido. Dêem essa atenção que tão me dando à elas", postou a
estudante.
De acordo com o Grupo Gay da Bahia, 313 homosexuais,
transexuais e travestis foram mortos em todo o país, por causa da
homofobia. Em 214, a entidade já registrou 218 mortes até o mês de
setembro.