Na
última semana de campanha, Aécio e Dilma correm atrás (e como correm)
não apenas dos indecisos, que somam 5% segundo o último Ibope, mas dos
quase 22% de seus próprios eleitores que declaram que ainda podem mudar
de opção. Dos que dizem votar em Aécio, 14% podem mudar sua opção até
domingo, contra 8% daqueles que dizem que são pró-Dilma. No total,
indecisos e incertos somam mais de 22 milhões de eleitores – é esse
contingente de ‘votos voadores’ que deverá decidir a disputa
presidencial mais acirrada desde 1989.
Para onde vão esses votos? Ninguém sabe. Neste contexto, os últimos
dias de campanha na TV e, principalmente, o debate da TV Globo na
próxima sexta-feira tornam-se decisivos. Até aqui o formato dos debates
no segundo turno – Band, SBT e Record – favoreceu mais os candidatos do
que o eleitor. Explico: ao transformar o embate em perguntas e respostas
diretas, a TV dá aos candidatos a primazia de controlar o programa
conforme suas conveniências. Há menos margem para o acaso e
improvisação, o que poderia acontecer, por exemplo, se os temas fossem
sorteados na hora. Assim, na maior parte do tempo, Dilma e Aécio acabam
repetindo no debate as mensagens de seus respectivos horários eleitorais
(Pronatec, tolerância zero com inflação, Petrobras, emprego, desemprego
etc). Vale a lógica da propaganda: repetir mensagens já testadas e que
deram certo e fugir dos pontos desgastantes.
Interessante notar, porém, que de certa forma quase um quinto do
eleitorado nacional se coloca à margem da propalada polarização PT X
PSDB. No final, em 2014 será decisivo o eleitor que não se identifica
nem com uma candidatura nem com outra. Um eleitor que não valoriza tanto
as diferenças já bem firmadas entre os caminhos oferecidos por Dilma e
Aécio, que se encontram e se distanciam nos temas econômicos e sociais,
mas que preza outros universos de referência para basear suas escolhas.
Que olha o candidato como o consumidor que avalia um produto e que
necessita de tempo e informação para escolher. Um eleitor que talvez
enxergue tanto diferenças como semelhanças entre os candidatos e sopesa o
que é melhor para si.
Quando se diz que o país está dividido ou polarizado entre duas
forças políticas, confesso que tenho minhas dúvidas. Na composição do
novo Congresso Nacional, por exemplo, PT e PSDB são partidos longe de
majoritários – juntos não têm deputados suficientes para aprovar um
Projeto de Lei. Nem petistas nem tucanos têm a força política e o
respaldo que tiveram FHC em 1994 pós-plano Real e Lula em 2006 com a
ascenção social de milhões de brasileiros.