"Viver está difícil", brinca o endocrinologista criador da dieta dos
pontos e professor da Universidade de São Paulo (USP), Alfredo Halpern,
durante palestra no 1º Fórum Nacional de Nutrição.
A dificuldade à qual Halpern se refere é porque há muito pouca coisa
clara e certa no contexto da alimentação. Algumas coisas fazem bem, mas
devem ser consumidas com equilíbrio, caso contrário fazem um mal danado.
Além disso, com pesquisas em andamento, descobre-se mais benefícios e
malefícios de muitas coisas, colocando os alimentos em posição de vilões
ou mocinhos.
O glúten é o vilão da vez. Muitos famosos cortaram esse composto e
afirmam que emagreceram, pois o glúten seria nocivo. Informação
contestada pela medicina, que afirma que alimento só deve ser banido em
quem tem a doença celíaca, cuja incidência gira em torno de 2% da
população.
Mito: ovo faz mal. Segundo o endocrinologista,
provou-se que não há nada de errado com o ovo. Antes, ele era
considerado um grande vilão para o colesterol, mas agora se sabe que
apenas quem já tem colesterol elevado deve evitar comer com frequência.
Verdade: tomar café da manhã faz bem. Segundo
Halpern, por causa do horário biológico, alimentar-se bem de manhã
realmente faz o corpo funcionar melhor.
Mito: álcool faz mal. O médico explica que o vinho
tinto contém substâncias que fazem bem. Para o homem, duas taças por dia
cumprem o papel e para as mulheres, uma taça.
Mito: chocolate faz mal. O chocolate gorduroso, em
excesso, realmente faz mal. Mas o chocolate amargo é um excelente
antioxidante e, se for consumido com moderação, traz benefícios à saúde.
Mito: carne faz mal. Segundo Halpern, a carne faz é
bem, desde que consumida na quantidade correta. Contém proteína, zinco,
vitamina B12, ácido fólico, mas deve ser consumida com moderação e
equilíbrio, senão causa o efeito reverso: faz mal para o coração.
Parcialmente verdade: sal faz mal. Halpern diz que
estudos mostram que se alguém saudável comer apenas os 6 gramas
recomendados pela Organização Mundial da Saúde, pode fazer mal. O
recomendado, para quem não é hipertenso, é consumir entre 8 e 10 gramas.
“A ciência mostra que quem come pouco sal morre mais”. O brasileiro, no
entanto, consome em excesso. A média no País é de 15g, o que é muito
alto e pode matar.
Mito: comer muitas castanhas faz bem. O selênio é um
excelente mineral, antioxidante, que faz bem ao organismo. No entanto,
demais faz mal. No Brasil, que o solo é pobre em selênio, o ideal é
suplementar o mineral comendo uma castanha-do-pará por dia.
Mito: comer bastante ferro faz bem. O ferro é
essencial para o organismo, manutenção do sangue e sistema imunológico,
mas, se é demais, faz mal. Por ser oxidante, ele “enferruja” o corpo por
dentro, se for consumido em excesso.
Mito: Leite faz mal. Só faz mal para quem é
intolerante à lactose, segundo Halpern. Fora isso, é uma fonte de cálcio
que pode ser consumida.
Verdade: café faz bem. Em quantidades razoáveis,
cerca de três xícaras por dia, o café e chás com cafeína podem ajudar na
memória. Tomar muito, no entanto, pode agravar problemas de saúde.
Mito: as frutinhas terminada em “berries" ajudam a
emagrecer. Que nada, elas são ótimas pelos antioxidantes, mas não
queimam calorias. Nesta lista está inclusa a tão popular gojiberry.
Verdade: nenhum adoçante faz mal, todos são seguros.
Segundo Alfredo Halpern, seja aspartame, sucralose, estévia ou outro
que esteja regulamentado no País, ele não vai trazer malefícios. Ele diz
que a pessoa deve encontrar o de sua preferência e fazer uso
tranquilamente.
Mito: açúcar branco faz mal. Claro, se ultrapassar
10% da quantidade total de calorias ingeridas por dia, ele fará mal. Mas
o vilão, na verdade, é a frutose presente em muitos alimentos
industrializados, como nos refrigerantes de cola. Esta sim, em excesso,
provocará danos no organismo em geral. O açúcar branco, no entanto, pode
ser consumido com moderação. Inclusive esse pó açucarado tem índice
glicêmico mais baixo que o pão francês.