Origem da fogueira
Fogueira de São João em
Mäntsälä. Fogueiras de
São João são bastantes populares na Finlândia, onde parte da população passa o
dia de São João ("Juhannus") no campo
ao redor das cidades em festejos.
Balão de São João em Portugal, cidade do
Porto
De origem europeia, as fogueiras juninas fazem parte da antiga tradição
pagã de celebrar o
solstício de verão. Assim como a cristianização
da árvore pagã "sempre verde" em árvore de natal, a fogueira do dia de
"Midsummer" (25 de dezembro) tornou-se, pouco a pouco na Idade Média, um
atributo da
festa de São João Batista, o santo
celebrado nesse mesmo dia. Ainda hoje, a fogueira de São João é o traço comum
que une todas as festas de São João europeias (da Estônia a Portugal, da
Finlândia à França). Uma lenda católica cristianizando a fogueira pagã estival
afirma que o antigo costume de acender fogueiras no começo do verão europeu
tinha suas raízes em um acordo feito pelas primas
Maria e
Isabel. Para
avisar Maria sobre o nascimento de São João Batista e assim ter seu auxílio após
o parto, Isabel teria de acender uma fogueira sobre um monte.junio camargo
O uso de balões
O uso de balões e fogos de artifício durante o São João no Brasil, está
relacionado com o tradicional uso da fogueira junina e seus efeitos visuais.
Este costume foi trazido pelos portugueses para o Brasil, e ele se mantém em
ambos lados do Atlântico, sendo que é na cidade do
Porto, em Portugal, onde mais se evidência. Fogos de
artifício manuseados por pessoas privadas e espetáculos pirotécnicos organizados
por associações ou municipalidades tornaram-se uma parte essencial da festa no
Nordeste, em outras partes do Brasil e em Portugal. Os fogos de artifício,
segundo a tradição popular, servem para despertar São João Batista. Em Portugal,
pequenos papéis são atados no balão com desejos e pedidos. Os balões serviam
para avisar que a festa iria começar; eram soltos de cinco a sete balões para se
identificar o início da festança. Os balões, no entanto, constituem atualmente
uma prática proibida por
lei em muitos locais,
devido ao risco de incêndio.
Durante todo o mês de junho é comum, principalmente entre as crianças, soltar
bombas, conhecidas por nomes como
traque,
chilene,
cordão,
cabeção-de-negro,
cartucho,
treme-terra,
rojão,
buscapé,
cobrinha,
espadas-de-fogo.
O mastro de São
João
O mastro de São João, conhecido em Portugal também como o mastro dos Santos
Populares, é erguido durante a festa junina para celebrar os três santos ligados
a essa festa. No Brasil, no topo de cada mastro são amarradas em geral três
bandeirinhas simbolizando os santos. Tendo hoje em dia uma significação cristã
bastante enraizada e sendo, entre os costumes de São João, um dos mais
marcadamente católico, o
levantamento do mastro tem sua origem, no
entanto, no costume pagão de levantar o "mastro de maio", ou a árvore de maio,
costume ainda hoje vivo em algumas partes da Europa.
Além de sua cristianização profunda em Portugal e no Brasil, é interessante
notar que o levantamento do mastro de maio em Portugal é também erguido em junho
e a celebrar as festas desse mês — o mesmo fenômeno também ocorrendo na Suécia,
onde o mastro de maio, "
majstången", de origem primaveril, passou a ser
erguido durante as festas estivais de junho, "Midsommarafton". O fato de
suspender milhos e laranjas ao mastro de São João parece ser um vestígio de
práticas pagãs similares em torno do mastro de maio.
Em
Lóriga a tradição do
Cambeiro é
celebrada em Janeiro.
Hoje em dia, um rico simbolismo católico popular está ligado aos
procedimentos envolvendo o levantamento do mastro e os seus enfeites. Atualmente
no Brasil, soltar balões é considerado crime gravíssimo.
A Quadrilha
A quadrilha brasileira tem o seu nome de uma dança de salão francesa para
quatro pares, a "quadrille", em voga na
França entre o início do
século XIX e a
Primeira
Guerra Mundial. A "quadrille" francesa, por sua parte, já era um
desenvolvimento da "contredanse", popular nos meios aristocráticos franceses do
século XVIII. A
"contredanse" se desenvolveu a partir de uma dança inglesa de origem campesina,
surgida provavelmente por volta do
século XIII, e que se popularizara em toda a
Europa na primeira metade do século XVIII.
A "quadrille" veio para o Brasil seguindo o interesse da classe média e das
elites portuguesas e brasileiras do
século XIX por tudo que fosse a última moda de
Paris (dos discursos republicanos de
Gambetta e Jules Ferry, passando pelas poesias de
Victor Hugo e
Théophile Gautier até a criação de uma
academia de letras, dos belos cabelos cacheados de Sarah Bernhardt até ao uso do
cavanhaque).
Ao longo do século XIX, a quadrilha se popularizou no Brasil e se fundiu com
danças brasileiras pré-existentes e teve subsequentes evoluções (entre elas o
aumento do número de pares e o abandono de passos e ritmos franceses). Ainda que
inicialmente adotada pela elite urbana brasileira, esta é uma dança que teve o
seu maior florescimento no Brasil rural (daí o vestuário campesino), e se tornou
uma dança própria dos festejos juninos, principalmente no Nordeste. A partir de
então, a quadrilha, nunca deixando de ser um fenômeno popular e rural, também
recebeu a influência do movimento nacionalista e da sistematização dos costumes
nacionais pelos estudos folclóricos.
O nacionalismo folclórico marcou as ciências sociais no Brasil como na Europa
entre os começos do Romantismo e a
Segunda Guerra Mundial. A quadrilha,
como outras danças brasileiras tais que o pastoril, foi sistematizada e
divulgada por associações municipais, igrejas e clubes de bairros, sendo também
defendida por professores e praticada por alunos em colégios e escolas, na zona
rural ou urbana, como sendo uma expressão da cultura cabocla e da república
brasileira. Esse folclorismo acadêmico e ufano explica duma certa maneira o
aspecto matuto rígido e artificial da quadrilha.