Sem antecedentes criminais, padrão de vida elevado, diversas
tatuagens pelo corpo e bem vestidos, quatro jovens de classe média foram
apresentados, na manhã de quarta-feira, 25, na sede da Polícia Civil,
sob suspeita de formar uma quadrilha responsável por sete assaltos a
residências de luxo no Condomínio Encontro das Águas, localizado na
cidade de Lauro de Freitas (Grande Salvador).
O grupo era investigado desde outubro passado, segundo a polícia,
época em que José Rafael Bahia Fortes, morador do condomínio, teria
facilitado a entrada dos outros envolvidos nos crimes (Rafael Brandão
dos Santos, o Rafaelzinho, Marcos Felipe de Jesus, o Lacerda, e Igor dos
Santos Lobo), para realizar o primeiro da série de saques.
Os jovens, estudantes na faixa etária de 19 a 22 anos, foram presos
na terça, 24, nos bairros de Itapuã e Ribeira, após a Justiça expedir
quatro mandados de busca e apreensão e de prisão, com autorização para
os agentes da 34ª Delegacia Territorial (Portão) realizarem as detenções
temporárias, com efeito de cinco dias, prorrogáveis por igual período.
O delegado Cláudio Meirelles, titular da 34ª DT, disse que eles
agiam, geralmente, no final da tarde das sextas-feiras, durante a troca
de turno dos vigilantes do condomínio, quando boa parte das residências
estava vazia, momento em que, segundo a polícia, a cobertura de
segurança da área tornava-se vulnerável.
“Por ser privado, o condomínio possui o próprio sistema de
vigilantes, que trabalham desarmados”, afirmou Meirelles, durante
entrevista na manhã de quarta. “Eles aproveitavam falha e
vulnerabilidade da segurança”, completou, em menção aos possíveis
acessos pelos rios Joanes e Ipitanga, situados aos fundos do condomínio,
além de uma portaria alternativa.
Modus operandi - Segundo a delegada adjunta da 34ª
DT, Maria Daniele Souza, eles utilizariam nas ações veículos tomados de
assalto na porta de boates e casas noturnas da capital. “Por morar no
condomínio desde criança, José Rafael entrava e saía pela portaria da
frente, com os carros cheios de produtos do roubo”, ela detalhou,
acrescentando que o grupo possuía revólveres calibre 38 e uma pistola
Glock.
Entre a variedade de produtos apresentados pela polícia, havia joias
cunhadas em ouro, brilhantes, diversos quadros, duas TVs de LCD,
aparelhos eletroeletrônicos, como notebook e tablet, três perfumes
importados, quatro garrafas de whisky importado, roupas de grife e duas
bolsas de couro.
Segundo a delegada, José Rafael revelou que o grupo vendia os
produtos roubados, repartia o dinheiro e, depois, gastava tudo com
farras e noitadas nas boates da capital.
“Em depoimento, sem o menor constrangimento, ele chegou a dizer que
já gastou cerca de R$ 15 mil em apenas uma noite”, disse a delegada,
espantada.
Silêncio - Embora tenham demonstrado comportamento
jocoso diante da imprensa, sorrindo e fazendo gestos (apenas Igor
permaneceu mais tenso, tentando esconder o rosto), os suspeitos disseram
poucas palavras em defesa própria.
Por outro lado, nos perfis da rede social Facebook, aparentam ser bem
comunicativos com amigos que aparecem em fotos. Igor, por exemplo, posa
ao lado de garotas em casas com piscinas, bares e ao lado de amigos da
torcida organizada Bamor.
Rafael Brandão postou fotografia com um grupo de jiu-jitsu, ao lado
de um cartaz com os dizeres: “Lutando pela saúde moral”. Na quarta,
sobre a participação nos assaltos, ele se limitou a perguntar: “Que
roubo de carros?”.
Um familiar de José Rafael Bahia Fortes afirmou, por telefone, ontem à tarde, que
“a família não o apoia e está triste com a postura dele. Ele vai pagar pelo que fez. E ponto final”, resumiu o familiar