sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

Defesa Civil registra mais de 100 ocorrências devido às chuvas em Cachoeira


As fortes chuvas que caem na Bahia há mais de uma semana estão somando prejuízos para moradores. A Defesa Civil de Cachoeira registrou mais de 100 ocorrências no município, entre alagamentos, desabamentos e deslizamentos.

Na quinta-feira (1º) choveu 60mm em apenas 30 minutos. A chuva já é considerada muito forte quando volume é maior que 50,0 mm/h. A instituição ainda não concluiu o levantamento e o número pode aumentar. 

A prefeitura de Cachoeira, cidade do Recôncavo Baiano, decretou estado de emergência na quinta após enchentes causarem estragos na região. O coordenador da Defesa Civil de Cachoeira, Pedro Erivaldo, diz que 95% dos registros são de alagamentos. O bairro de Três Riachos, onde há encontro de três pequenos rios, teve transbordamento que invadiu casas e outros bairros da cidade. 

Até então, 10 pessoas buscaram abrigo na Escola Municipal Edwaldo Brandão Correia, local que a prefeitura escolheu para receber desabrigados e desalojados. Para Erivaldo, há mais pessoas em situação de vulnerabilidade, contudo, não querem deixar as casas por medo de invasão.

“Sabíamos que ia chover mas não sabíamos que seria nesse nível. É muito difícil Cachoeira alagar porque é uma cidade que tem uma arquitetura e geografia com morros. Mas o volume de água foi tão grande que todos os morros jogaram muita água para o centro da cidade”, afirma. 

Comerciantes locais contam que perderam tudo por conta das fortes chuvas. O vendedor de jornais e lanches Zé dos Santos, conhecido Zé Mole, 66, viu a tragédia acontecer. “Teve comércio de lanches, lojas de roupa, barraqueiro da feira livre, perderam tudo. A chuva veio de vez”. 

O medo é que haja mais enchentes. “Eu estou temeroso porque a quantidade que desce do morro é muito grande. Sou aposentado, ganho apenas um salário, sem isso [vendas] não tenho como sobreviver”, diz preocupado. 

A chuva invadiu a casa do radialista Washington da Silva, conhecido como Nem, 46, enquanto ele estava no trabalho, na quinta (1º). O radialista conta que entrou tanta lama que foi preciso reunir vizinhos para ajudar na limpeza. Apesar da sujeira, apenas a cama do quarto de visita foi atingida. 

“A situação é muito ruim, tem gente que perdeu absolutamente tudo. Ficou apenas com roupa do corpo, às vezes até a roupa do corpo está prejudicada porque água da chuva sujou de lama”, lamenta. 

Ainda há edificações com risco de desabamento e as regiões próximas ao morro estão em alerta para deslizamento. A Defesa Civil acionou a prefeitura e se reuniu com secretarias na quinta. Com as Secretarias de Obras e Meio Ambiente e de Ordem e Serviços Públicos, o objetivo é trabalhar para fazer limpeza total das ruas, recolocar pavimentos que a chuva arrancou e consertar as caixas coletoras de água pluvial. 

A reportagem do CORREIO solicitou posicionamento da prefeitura de Cachoeira sobre a situação de emergência da cidade, contudo, não recebeu resposta. 

São Félix
O prefeito Alex Brito, de São Félix, município também no recôncavo baiano, conta que já são 28 ocorrências, em sua maioria, casos de deslizamento de terra nas encostas. “A cidade é rodeada de morro, com a chuva, a água desce acabando com tudo”, explica. A cidade está com casas danificadas, calçamentos destruídos, deslizamento de terra, corrimãos de acesso às áreas mais íngremes danificados pela força da água e linha do trem interditada. 

Equipes de limpeza e obras da prefeitura estão trabalhando na limpeza de vias públicas, como a BA 502, desentupindo bueiros e colocando lonas nas áreas de deslizamento. A Secretaria de Assistência Social está cadastrando famílias impactadas e orientando as mesmas a procurarem abrigos. O gestor municipal diz que a prefeitura está alugando casas para quem está desabrigado e avalia possibilidade de decretar estado de calamidade pública. 

Outros municípios em emergência

Segundo a Superintendência de Proteção e Defesa Civil da Bahia (Sudec) até o momento são 342 desabrigados e 3.684 desalojados. O número total de atingidos chega a 52.224 pessoas com ocorrências registradas em 37 municípios. Dez estão com decreto de Situação de Emergência, são eles: Prado, Baixa Grande, Itabuna, Santa Cruz Cabrália, Cícero Dantas, Ibicuí, Itambé, Nova Viçosa, Vereda e Cachoeira. Não há registro de desaparecidos e nem de óbitos. 

Conforme mapa do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), Porto Seguro, Amargosa e Luiz Eduardo Magalhães foram os municípios com maior índice de chuva nas últimas 24h. Embora o índice seja o mais alto, especialistas explicam que os estragos dependem também da estrutura geográfica, condicionamento social e infraestrutura das cidades. Por isso é possível que chova menos em cidades pequenas, mas o impacto seja maior.  (Com Correio)