As fortes chuvas que caem na Bahia há mais de uma semana estão somando prejuízos para moradores. A Defesa Civil de Cachoeira registrou mais de 100 ocorrências no município, entre alagamentos, desabamentos e deslizamentos.
A prefeitura de Cachoeira, cidade do Recôncavo Baiano, decretou estado de emergência na quinta após enchentes causarem estragos na região. O coordenador da Defesa Civil de Cachoeira, Pedro Erivaldo, diz que 95% dos registros são de alagamentos. O bairro de Três Riachos, onde há encontro de três pequenos rios, teve transbordamento que invadiu casas e outros bairros da cidade.
Até então, 10 pessoas buscaram abrigo na Escola Municipal Edwaldo Brandão Correia, local que a prefeitura escolheu para receber desabrigados e desalojados. Para Erivaldo, há mais pessoas em situação de vulnerabilidade, contudo, não querem deixar as casas por medo de invasão.
“Sabíamos que ia chover mas não sabíamos que seria nesse nível. É muito difícil Cachoeira alagar porque é uma cidade que tem uma arquitetura e geografia com morros. Mas o volume de água foi tão grande que todos os morros jogaram muita água para o centro da cidade”, afirma.
Comerciantes locais contam que perderam tudo por conta das fortes chuvas. O vendedor de jornais e lanches Zé dos Santos, conhecido Zé Mole, 66, viu a tragédia acontecer. “Teve comércio de lanches, lojas de roupa, barraqueiro da feira livre, perderam tudo. A chuva veio de vez”.
O medo é que haja mais enchentes. “Eu estou temeroso porque a quantidade que desce do morro é muito grande. Sou aposentado, ganho apenas um salário, sem isso [vendas] não tenho como sobreviver”, diz preocupado.
A chuva invadiu a casa do radialista Washington da Silva, conhecido como Nem, 46, enquanto ele estava no trabalho, na quinta (1º). O radialista conta que entrou tanta lama que foi preciso reunir vizinhos para ajudar na limpeza. Apesar da sujeira, apenas a cama do quarto de visita foi atingida.
“A situação é muito ruim, tem gente que perdeu absolutamente tudo. Ficou apenas com roupa do corpo, às vezes até a roupa do corpo está prejudicada porque água da chuva sujou de lama”, lamenta.
Ainda há edificações com risco de desabamento e as regiões próximas ao morro estão em alerta para deslizamento. A Defesa Civil acionou a prefeitura e se reuniu com secretarias na quinta. Com as Secretarias de Obras e Meio Ambiente e de Ordem e Serviços Públicos, o objetivo é trabalhar para fazer limpeza total das ruas, recolocar pavimentos que a chuva arrancou e consertar as caixas coletoras de água pluvial.
Equipes de limpeza e obras da prefeitura estão trabalhando na limpeza de vias públicas, como a BA 502, desentupindo bueiros e colocando lonas nas áreas de deslizamento. A Secretaria de Assistência Social está cadastrando famílias impactadas e orientando as mesmas a procurarem abrigos. O gestor municipal diz que a prefeitura está alugando casas para quem está desabrigado e avalia possibilidade de decretar estado de calamidade pública.
Outros municípios em emergência
Segundo a Superintendência de Proteção e Defesa Civil da Bahia (Sudec) até o momento são 342 desabrigados e 3.684 desalojados. O número total de atingidos chega a 52.224 pessoas com ocorrências registradas em 37 municípios. Dez estão com decreto de Situação de Emergência, são eles: Prado, Baixa Grande, Itabuna, Santa Cruz Cabrália, Cícero Dantas, Ibicuí, Itambé, Nova Viçosa, Vereda e Cachoeira. Não há registro de desaparecidos e nem de óbitos.
Conforme mapa do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), Porto Seguro, Amargosa e Luiz Eduardo Magalhães foram os municípios com maior índice de chuva nas últimas 24h. Embora o índice seja o mais alto, especialistas explicam que os estragos dependem também da estrutura geográfica, condicionamento social e infraestrutura das cidades. Por isso é possível que chova menos em cidades pequenas, mas o impacto seja maior. (Com Correio)