Em contexto familiar, diversos membros podem desempenhar o papel de cuidador. Contudo, o cuidador informal destaca-se pela maior responsabilidade que adquire e lhe é atribuída, quer ao nível das funções desempenhadas, quer ao nível do tempo que despende no desempenho deste papel. O cuidador informal depara-se, assim, com múltiplos desafios e responsabilidades, nomeadamente colaborar com a equipa médica, de modo a garantir a continuidade dos cuidados no domicílio, e saber identificar e interpretar sintomas no doente por forma a providenciar suporte físico e emocional. Ademais, mudanças no sentido de identidade são sentidas pelo cuidador, vendo agora o seu papel principal de progenitor(a), cônjuge e/ou filho(a) transformado no “título” de cuidador(a). Tais transformações, aliadas às próprias funções desempenhadas e expectativas depositadas por terceiros, acarretam em algumas circunstâncias grande sobrecarga física e emocional para o cuidador informal.
Embora todas as experiências de cuidar sejam distintas, a verdade é que a tarefa de cuidar do outro pode ser extremamente desafiante, onde as responsabilidades diárias potenciam estados de ansiedade permanentes, alterando o bem-estar do cuidador e a sua percepção de qualidade de vida. Tal poderá levar ao desenvolvimento de perturbações psicológicas ou exacerbar condições pré-existentes, assim como potenciar o desenvolvimento de perturbações de sono (tipicamente as insónias) e alterações na saúde física. É também importante não esquecer as alterações financeiras que a tarefa de cuidar acarreta – onde muitos cuidadores deixam os seus contextos profissionais -, assim como a diminuição dos momentos de lazer por parte do cuidador, levando este progressivamente a um estado de maior isolamento social.
As consequências físicas e emocionais no cuidador terão inevitavelmente impacto na sua capacidade de prestar cuidados ao elemento doente, parecendo, assim, que a relação entre cuidador e cuidado se influência mutuamente. Mais do que o grau de parentesco com a pessoa cuidada, parece estar a qualidade de relacionamento estabelecida ao longo do tempo, emergindo como uma variável também influente no processo de cuidar. É fundamental debruçar o nosso olhar no cuidador informal, garantindo também a sua integridade física e psicológica.