quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Teorias da Comunicação


Escola Estadunidense

A Pesquisa de Comunicação de Massa (“A Mass Communication Research”) teve início nos Estados Unidos na década de 20, a qual esteve centrada nos estudos sobre a relação e interação entre os meios de comunicação de massa bem como os comportamentos dos indivíduos na sociedade.
É classificada em duas principais correntes de pesquisas, ambas focadas nos estudos sobre a interação:
  • Escola de Chicago: donde se destaca o sociólogo estadunidense Charles Horton Cooley (1864-1929) e o filósofo Georg Herbert Mead (1863-1931) com estudos sobre interação social e comportamento coletivo.
  • Escola de Palo Alto: com a apresentação do modelo circular de informação, do qual se destaca o biólogo e antropólogo Gregory Bateson (1904-1980).
Das teorias da comunicação desenvolvidas nas escolas estadunidenses destacam-se:
  • Corrente Funcionalista: com foco nos estudos sobre os media e a função da comunicação na sociedade; os principais teóricos da corrente funcionalista são: o sociólogo austríaco Paul Lazarsfeld (1901-1976), o cientista político estadunidense Harold Lasswell (1902-1978) e o sociólogo estadunidense Robert King Merton (1910-2003). O “Modelo de Lasswell” focou nos estudos de compreensão e descrição dos atos de comunicação baseada nas perguntas: “Quem? Diz o quê? Através de que canal? A quem? Com que efeito?”.
  • Teoria dos Efeitos: classificada em dois tipos “Teoria Hipodérmica” (Teoria da Bala Mágica) e “Teoria da Influência Seletiva”. A primeira está fundamentada no behaviorismo e focada nos estudos sobre as mensagens emitidas pelos meios de comunicação de massa e os efeitos causados nos indivíduos.Os teóricos mais relevantes da Teoria Hipodérmica foram: o psicólogo estadunidense John Broadus Watson (1878-1958) e o psicólogo e sociólogo francês Gustave Le Bom (1841-1931). Por sua vez, a Teoria da Influência Seletiva é classificada em “Teoria da Persuasão” que leva em conta os fatores psicológicos, e a “Teoria de Efeitos Limitados” (Teoria Empírica de Campo), fundamentada nos contextos sociais (aspectos sociológicos), sendo o principal articulador o psicólogo estadunidense Carl Hovland (1912-1961) e o psicólogo alemão-americano Kurt Lewin (1890-1947).

Escola Canadense

Os estudos sobre a comunicação de massa no Canadá surgem no início dos anos 50 a partir dos estudos do teórico, filósofo e educador Herbert Marshall McLuhan (1911-1980). Luhan foi criador do termo “Aldeia Global”, lançado em 1960, que indica a interligação do mundo por meio das novas tecnologias. De acordo com o teórico: “A nova interdependência eletrônica recria o mundo em uma imagem de aldeia global.”
Luhan precursor dos estudos sobre o impacto da tecnologia na sociedade através da comunicação massificada. Segundo ele: “O meio é a mensagem”, ou seja, o meio torna-se elemento determinante da comunicação, o qual pode interferir diretamente na percepção do conteúdo da mensagem, sendo, portanto, capaz de modificá-la.
De tal modo, o teórico classifica os meios conforme um prolongamento dos sentidos humanos, donde os “meios quentes”, apresenta um volume excessivo de informação envolvendo assim, um único sentido, e, portanto, tendo menor participação nos receptores, por exemplo, o cinema e o rádio; enquanto os “meios frios” apresentam pouco informação, envolvem todos os sentidos e logo, permitem maior envolvimento dos receptores, por exemplo, o diálogo, o telefone.

Escola Francesa

Na Escola Francesa, a “Teoria Culturológica” teve início nos anos 60 com a publicação da obra “Cultura de Massas no século XX” do antropólogo, sociólogo e filósofo francês Edgar Morin (1921). Os estudos de Morin focaram na Industrialização da Cultura e, portanto, foi ele quem introduziu o conceito de Indústria Cultural.
Roland Barthes (1915-1980), sociólogo, semiólogo e filósofo francês, contribuiu na “Teoria Culturológica” por meio de estudos semióticos e estruturalistas. Ele realizou análises semióticas das propagandas e revistas, focado nas mensagens e no sistema de signos linguísticos envolvidos.
Georges Friedmann (1902-1977) foi um sociólogo francês marxista, um dos fundadores da “Sociologia do Trabalho”, abordou sobre os aspectos dos fenômenos de massa desde sua produção e consumo, apresentando assim, as relações do homem e das máquinas nas sociedades industriais.
O sociólogo e filósofo francês Jean Baudrillard (1929-2007) contribuiu com seus estudos na “Escola Culturológica”, abordando aspectos da sociedade de consumo, desde o impacto da comunicação de massa na sociedade, donde os indivíduos estão inseridos numa realidade construída, denominada de “realidade virtual” (hiper-realidade).
Louis Althusser (1918-1990), filósofo francês de origem argelina, contribuiu para a “Escola Culturológica” com o desenvolvimento de estudos sobre os aparelhos ideológicos de Estado (mídia, escola, igreja, família), os quais são formados através da ideologia da classe dominante relacionados com a coerção direta dos instrumentos repressivos do Estado (polícia e o exército). Na teoria da comunicação analisa os aparelhos ideológicos do Estado (AIE) de informação, ou seja, a televisão, o rádio, a imprensa, dentre outros.
Pierre Bourdieu (1930-2002) foi um sociólogo francês, importante nos estudos dos fenômenos midiáticos sobretudo em sua obra “Sobre a Televisão” (1997) donde critica a manipulação da mídia, nesse caso, no campo jornalístico, o qual veicula as mensagens do discurso televisivo em busca de audiência. Segundo ele, “A tela de televisão se transformou hoje numa espécie de espelho de Narciso, num lugar de exibição narcísica.”
Michel Foucault (1926-1984), filósofo, historiador e filólogo francês desenvolveu o conceito de "panóptipo", ou seja, um dispositivo de vigilância ou mecanismo disciplinar de controle social, donde a tevê é considerada um “panóptipo invertido”, ou seja, ela inverte o sentido da visão, ao mesmo tempo que organiza o espaço e controla o tempo.

Escola Alemã

Escola de Frankfurt, inaugurada no início da década de 20 na Alemanha, desenvolve a “Teoria Crítica” de teor marxista. Decorrente do nazismo ela fecha e reabre em Nova York na década de 50.
Assim, da primeira geração da escola de Frankfurt destacam-se os filósofos e sociólogos alemães Theodor Adorno (1903-1969) e Max Horkheimer, criadores do conceito de “Indústria Cultural” (que substitui o termo cultura de massa), donde apresentam características da cultura transformada em mercadoria, desde a manipulação e as mensagens ocultas envolvidas.
Do mesmo período o filósofo e sociólogo alemão Walter Benjamim (1892-1940) apresenta uma linha de pensamento mais positiva, no artigo “A obra de arte na época de sua reprodutibilidade técnica” (1936), cujo estudo aborda a democratização da cultura no sistema capitalista ao tornar os bens culturais objetos da reprodução industrial.
Para tanto, a reprodução em série torna a arte um objeto de consumo cotidiano das massas, mesmo com a perda de sua “áurea”, a qual por sua vez, pode contribuir no desenvolvimento da intelectualidade da sociedade.
Outros teóricos que fizeram parte da primeira geração da Escola de Frankfurt foram: o filósofo, sociólogo e psicólogo alemão Erich Fromm (1900-1980), que aborda aspectos da alienação do ser humano na sociedade industrial e capitalista; e o sociólogo e filósofo alemão Herbert Marcuse (1898-1979) e seus estudos sobre o desenvolvimento da tecnologia.
Já na segunda geração da escola alemã destaca-se o filósofo e sociólogo Jürgen Habermas (1929) e seus estudos acerca da esfera pública abordados na obra “Mudança Estrutural da Esfera Pública” (1962). Para ele a esfera pública, que antes era composta por uma burguesia com consciência crítica, foi transformada e dominada pelo consumismo, levando a perda de seu caráter e conteúdo crítico.

Escola Inglesa

Os “Estudos Culturais” foram desenvolvidos na Inglaterra em meados dos anos 60, através do “Centro de Estudos da Cultura Contemporânea da Escola de Birmingham” (Centre for Contemporary Cultural Studies), fundado por Richard Hoggart em 1964.
Os estudos culturais ingleses estavam voltados para a análise da teoria política, posto que seus pesquisadores focaram sobretudo, na diversidade cultural gerada pelas práticas sociais, culturais e históricas de cada grupo.
De tal modo, os teóricos dessa corrente balizaram seus estudos na heterogeneidade e identidade cultural, na legitimação das culturas populares e no papel social de cada indivíduo dentro da estrutura social, expandindo assim, o conceito de cultura.
No tocante aos meios de comunicação de massa, mercantilização e massificação da cultura, muitos teóricos do período criticaram a imposição da cultura de massa por meio da Indústria Cultural, observando o papel dos meios de comunicação de massa na construção da identidade.
Os principais teóricos que fizeram parte dos estudos culturais ingleses foram: Richard Hoggart (1918-2014), Raymond Williams (1921-1988), Edward Palmer Thompson (1924-1993) e Stuart Hall (1932-2014).