segunda-feira, 23 de julho de 2018

Otto recebe convite, mas nega por lealdade a Rui Costa “Se eu quisesse me colocar como candidato ao Governo, o momento mais confortável seria agora”

     

Foto: Estadão


O senador Otto Alencar (PSD) abriu o jogo sobre as principais especulações referentes às eleições deste ano. Em entrevista exclusiva à Tribuna, Otto, que é natural de Ruy Barbosa, esclareceu a polêmica envolvendo a não participação da senadora Lídice da Mata (PSB) na chapa de reeleição do governador Rui Costa (PT). O presidente do PSD na Bahia criticou o burburinho entorno do assunto e disse que a socialista não foi excluída majoritária. “Vocês colocam muito mal essa visão. Ela esteve na chapa de 2010 e, em 2014, como candidata a governadora. Então, ela não foi excluída. O candidato do PSD [Ângelo Coronel], pelos motivos que vocês conhecem, foi aceito. Não foi uma avaliação feita por mim. Foi uma avaliação feita por quem coordena o processo, que é o próprio governador”, disse. Indagado sobre um possível boicote da base petista nas urnas ao nome do pré-candidato ao Senado, Ângelo Coronel (PSD), Otto afirmou que a legenda está trabalhando para que isso não aconteça. “É claro que a unidade é sempre melhor. O PSB é um partido importante, que tem destaque aqui na Bahia. Certamente se houver essa retaliação ao nome de Coronel, vamos ter que buscar dentro do nosso trabalho a recuperação desses votos que serão negados a ele. Nós estamos trabalhando muito para isso”. O pessedista também revelou que, em determinado momento, chegou a ser convidado a se lançar candidato ao governo este ano. Entretanto, a possibilidade foi descartada: "Se eu quisesse me colocar como candidato ao Governo, o momento mais confortável seria agora, porque eu não teria nada a perder. Se perdesse, ainda teria mais quatro anos como Senador. Foi o movimento que a senadora Lídice fez em 2014. Eu tenho partido e tenho base", assegurou. Ainda na entrevista, o senador baiano faz um balanço sobre a cena política atual e nega que será candidato ao Governo do Estado em 2022.
Por Osvaldo Lyra
Tribuna da Bahia - Como o senhor avalia a eleição aqui na Bahia? Continua morna ou já embalou?
Otto Alencar - A eleição na Bahia, tanto na capital, como no interior, já vem sendo discutida há muito tempo. Num primeiro momento, o governador (Rui Costa) esperava enfrentar a candidatura do prefeito de Salvador (ACM Neto). Como o prefeito não tomou a iniciativa de renunciar, veio outro candidato. Tanto em Salvador, como no interior, nós estamos visitando vários lugares com esse programa de governo participativo. Temos tido grandes reuniões plenárias com sugestões, inclusive, para o governador registrar no TRE aquilo que ele pretende fazer nos próximos quatro anos. Agora, o interessante é que em 2014 nós fizemos a mesma coisa. O governador foi o que mais realizou o que prometeu no programa de governo: realizou 70% dos compromissos, o que na crise é um número muito alto. Tanto é que o G1, que é o site que faz esse levantamento com isenção, mostrou isso. Nós temos visto uma população muito satisfeita no interior. Isso é muito importante
Tribuna -  O favoritismo do governador Rui Costa deixa aliados do Governo numa situação confortável. Isso pode gerar algum risco ou o cenário já está consolidado justamente por essas entregas de obras que estão sendo feitas?
Otto - As reuniões plenárias estão muito boas. A última pesquisa que foi feita nos deu uma vantagem muito grande. No entanto, isso não nos tira a intensidade do trabalho, que sempre foi intenso desde que começou o governo. Agora, esse favoritismo, quem está mostrando não somos nós. São as pesquisas. O desempenho do governador tem sido muito bom, um dos mais bem avaliados do Brasil. Aliás, nós temos informações de institutos de credibilidade é que os três melhores governadores do Nordeste são o do Ceará, o do Piauí e o da Bahia. Todos os três são do PT. Então, essa avaliação é positiva. Na crise, estar bem avaliado é muito importante. E nós temos uma vantagem muito grande: somos aqueles que não aceitaram Temer. Essa eleição vai ser dividida entre a turma de Temer e aqueles que, como nós, não aceitamos Temer. Essa turma do DEM e do PSDB vai ter muito que explicar.
Tribuna - Como o senhor viu a exclusão da senadora Lídice da Mata da chapa do governador Rui Costa? 
Otto - O interessante é que você fala em exclusão, como se ela não estivesse na chapa em 2018. A chapa de 2010 foi uma coisa, nós a apoiamos. A chapa de 2018 ela não foi excluída porque ela não está na chapa, e sim no seu mandato de senadora. Assim como Walter Pinheiro. Vocês da imprensa colocam muito mal essa visão. Ela não foi excluída porque ela não está na chapa de 2018. Ela esteve na chapa de 2010 e, em 2014, como candidata a governadora. Então, ela não foi excluída. O candidato do PSD [Ângelo Coronel], pelos motivos que vocês conhecem, foi aceito. Não foi uma avaliação feita por mim. Foi uma avaliação feita por quem coordena o processo, que é o próprio governador. Eles [o PSB] ficam colocando na conta do PSD a exclusão. Não tem exclusão. Só existe exclusão quando alguém está e sai. Ela não entrou na composição da chapa pelos motivos que todos vocês sabem. A coordenação foi feita pelo governador Rui Costa.
Tribuna - Com a não presença de Lídice na chapa, surgiram comentários de que a base iria votar em Jaques Wagner como primeira opção ao Senado e que não votaria em Coronel. Preocupa um movimento como esse ou senhor acha que vai haver uma unidade na composição?
Otto - Olhe bem, buscamos a unidade. Mas é lamentável que isso possa acontecer porque se Coronel não tivesse sido escolhido pela coordenação da composição da chapa, nós votaríamos naquele que fosse escolhido. Ela [Lídice] ou qualquer outro. É claro que a unidade é sempre melhor. O PSB é um partido importante, que tem destaque aqui na Bahia. Certamente se houver essa retaliação ao nome de Coronel, vamos ter que buscar dentro do nosso trabalho a recuperação desses votos que serão negados a ele. Nós estamos trabalhando muito para isso.

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