domingo, 4 de junho de 2017

Serra Preta: Padre Gilmar de Assis é vítima de injúria racial

Os internautas de Serra Preta ficaram perplexos com um áudio que circula no whatsapp, onde um anônimo faz ameaças, questiona o trabalho e atacar a cor negra do Padre Gilmar de Assis da paróquia de Serra Preta, 150 km de Salvador. O áudio foi repudiado pelos internautas que começaram uma campanha #SomosTodosPadreGilmar. Além da campanha, os internautas cobram punição do responsável.

Padre Gilmar substituiu o padre Flávio há pouco tempo em Serra Preta. Uma multidão o recebeu na Igreja Nossa Senhora do Bom Conselho, principal Igreja Católica do município. A missa de posse contou com a presença do Bispo metropolitano da diocese de Feira de Santana, Dom Zanoni.
Padre Gilmar atuava na Paróquia de Nossa Senhora Aparecida, bairro Feira IX, na cidade de Feira de Santana e chegou a Serra Preta cheio de planos e projetos para a comunidade. Surpreendeu muitos ao celebrar uma missão no cume do monte, onde se realiza a famosa Capina do Monte.

 Muitos fiéis dizem que o Padre Gilmar é alegre e amigo de todos. Porém, não é difícil ouvir o termo “padre negro” para classificar o Padre Gilmar Assis. O interessante é que Serra Preta é um município de maioria negra. A sede do município surgiu do massacre dos índios Paiaiás, da colonização portuguesa e da exploração do trabalho escravo dos negros. Serra Preta também possui diversas comunidades quilombolas não reconhecidas.
Internautas se revoltam contra a injúria racial sofrida pelo padre

Porém, a força de sua história negra não é suficiente para superar o racismo cotidiano, difuso, bem verdade, em todo o Brasil. Claro que essa triste realidade de nossa história não justifica o áudio criminoso espalhado nas redes sociais. A resposta imediata dos internautas foi importante, mas não basta! É preciso que as igrejas, as escolas, as famílias discutam a questão racial abertamente como método de superação. Por outro lado, identificar e punir o criminoso são importantes para que ato insano seja reprimido como merece.

Crime

A injúria racial consiste em ofender a honra de alguém valendo-se de elementos referentes à raça, cor, etnia, religião ou origem. A injúria racial está prevista no artigo 140, parágrafo 3º, do Código Penal, que estabelece a pena de reclusão de um a três anos e multa. Em geral, o crime de injúria está associado ao uso de palavras depreciativas referentes à raça ou cor com a intenção de ofender a honra da vítima. Além da injúria racial, o anônimo ameaça o Padre de agredi-lo com arma branca.