O presidente Michel Temer teria recebido R$
15 milhões do Partido dos Trabalhadores, em 2014, para financiar sua
campanha à Vice-Presidência. Desse montante, Temer teria "guardado" R$ 1
milhão no bolso, segundo afirmou Roberto Saud, diretor da JBS, em
depoimento de delação premiada prestado ao Ministério Público Federal.
O depoimento do diretor está em um vídeo de 23
minutos das delações prestadas pelo grupo JBS. O teor dos vídeos foi
divulgado hoje (19) pelo Supremo Tribunal Federal (STF) após o ministro
Edson Fachin ter retirado o sigilo das delações.
“Esses 15 milhões eram do PT, e o PT deu para o
Temer usar na campanha de vice”, disse Ricardo Saud. Segundo o delator,
ele comunicou a Temer que a campanha do PT autorizou o repasse, que
fazia parte do saldo que o grupo JBS tinha com o partido para doações
eleitorais. Conforme o delator, o dinheiro foi destinado ao PMDB e ao
ex-deputado Eduardo Cunha (RJ), que hoje está preso em Curitiba, no
âmbito da Operação Lava Jato.
“Veio a ordem para dar os R$15 milhões do PT para o
PMDB para a campanha do Temer. Isso feito, eu fui lá e comuniquei ao
Temer na vice-presidência, aqui em Brasília, eu disse que chegaram os 15
milhões, e ele me disse para eu dar uma semana que ele ia dizer como
fazer com o dinheiro”, afirmou Saud.
Saud declarou aos procuradores que o dinheiro era “propina dissimulada em forma de doação oficial”.
A Presidência da República negou que sejam
verdadeiras as acusações contra o presidente Michel Temer. “As
informações são falsas”, disse a assessoria de imprensa do Palácio do
Planalto, que afirmou que todos os recursos recebidos para a campanha de
Temer em 2014 foram doações oficiais.