O áudio foi oferecido à imprensa pelo Supremo Tribunal Federal na noite desta quinta
Em diálogo gravado em março pelo empresário
Joesley Batista como parte de acordo de delação premiada, o presidente
da República, Michel Temer (PMDB), fez uma ampla defesa dos seus dez
primeiros meses de mandato, criticou a oposição e disse acreditar no
sucesso com as reformas defendidas pelo governo. Mas admitiu, no
entanto, ser imprescindível o apoio do Congresso. “Se não tenho apoio do
Congresso, tô ferrado”, disse Temer a Joesley Batista, sem saber que
estava sendo gravado, no início da gravação.
“Primeiro que você sabe que eu tô fazendo dez meses.
Parece que foi ontem, né? Parece que foi ontem e parece uma eternidade,
as duas coisas. Segundo que tem uma oposição muito rasa, uma oposição
horrível. No começo, eles lançaram: 'Golpe, golpe, golpe'. Não passou.
Aí 'a economia não vai dar certo'. Começou a dar certo. Então, os caras
estão num desespero. Tem que ter apoio no Congresso. Se não tenho apoio
do congresso, tô ferrado", diz.
O presidente insistiu ao empresário que a crise
econômica ficaria para trás. Citou reformas como a que impôs o teto de
gastos, entre outras aprovações conseguidas, como a prorrogação da
Desvinculação de Receitas da União (DRU). “Vamos chegar, é isso mesmo,
vamos chegar no fim deste ano olhando para frente”.
O áudio foi oferecido à imprensa pelo Supremo
Tribunal Federal na noite desta quinta-feira, 18, após a homologação do
acordo de delação premiada dos irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da
JBS e da holding J & F. No momento em que o áudio chegou à
imprensa, o presidente já sofria fortes críticas tanto da base do
governo quanto da oposição. Três ministros já haviam dado declarações
sobre a intenção de deixar o governo. O empresário Joesley Batista falou
sobre a melhoria da perspectiva da economia. “Muita coisa muito rápido.
E também baixou o juro muito rápido. Porque a expectativa foi muito
rápido, né, a reversão da expectativa”, disse.
Em seguida, o delator comenta que há tempos não via o
presidente e passou a falar sobre encontros com representantes do
núcleo duro do governo com quem mantinha contato, como Eliseu Padilha
(PMDB), ministro da Casa Civil, e Geddel Vieira Lima (PMDB), que era
ministro da Secretaria de Governo e caiu no fim de novembro após
polêmica com o então ministro da Cultura, Marcelo Calero, sobre um
prédio em Salvador. Só mais adiante na conversa ele fala sobre Eduardo
Cunha, deputado cassado.