Para OAB,
Temer cometeu crime de responsabilidade ao não informar às autoridades o
teor da conversa que teve com o empresário Joesley Batista
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) deve
entregar na tarde desta quinta-feira (25) o pedido de impeachment do
presidente Michel Temer. O Conselho Federal da OAB já havia decidido no
domingo (21) apoiar o impeachment e formular pedido a ser protocolado na
Câmara dos Deputados.
Presidente da OAB: crime de prevaricação (Foto: Eugênio Novaes/OAB)
|
Para
o presidente da OAB, Carlos Lamachia, Temer cometeu crime de
responsabilidade ao não informar às autoridades competentes o teor da
conversa que teve com o empresário Joesley Batista, dono da JBS, no
Palácio do Jaburu, no início de março.
“A
peça da OAB e a decisão que foi tomada têm como base as declarações do
próprio presidente da República. Em nenhum momento, ele nega os fatos e a
interlocução que teve. Mesmo que os áudios pudessem ter alguma edição,
as próprias declarações do presidente da República reconhecem o diálogo
que ele teve com o investigado”, disse Lamachia.
Joesley
gravou conversa e entregou cópias do áudio à Procuradoria-Geral da
República (PGR), com a qual firmou acordo de delação premiada, já
homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Para
a Ordem, Temer infringiu o Artigo 116 da Lei do Servidor Público -
crime de prevaricação. O Palácio do Planalto informou que não vai
comentar o pedido da OAB. “A OAB levou em consideração as manifestações
do presidente da República, que em momento algum desqualifica o que foi
dito na conversa. Desqualifica, sim, o seu interlocutor”.
Pressão por impeachment cresce
Apesar da resistência do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), em dar andamento aos 12 processos de impeachment protocolados contra o presidente Michel Temer, pressão pela saída dele cresce dia após dia.
Apesar da resistência do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), em dar andamento aos 12 processos de impeachment protocolados contra o presidente Michel Temer, pressão pela saída dele cresce dia após dia.
A bancada do PSDB na Câmara está dividida sobre o
assunto. O grupo conhecido como “cabeças pretas”, formado por jovens
parlamentares do baixo clero, pressiona a cúpula a entregar
imediatamente os cargos tucanos.
O movimento “rebelde” ganhou uma adesão de peso: o
deputado Carlos Sampaio (SP), vice-presidente jurídico do partido. “O
presidente Michel Temer perdeu as condições mínimas de governabilidade”,
disse ontem. Diante do avanço do grupo, o senador Tasso Jeiressati
(CE), presidente interino do PSDB, foi chamado ontem para acalmar os
ânimos na reunião da bancada de 48 deputados.
O PSDB e o DEM definiram que atuarão em bloco na
crise. Enquanto os tucanos defendem o nome de Tasso em caso de eleição
indireta, o DEM ventila a candidatura do presidente da Câmara, Rodrigo
Maia (RJ).
Maia negou ontem que tenha engavetado os pedidos de
impeachment do presidente Michel Temer protocolados na Câmara. Segundo
ele, uma questão “tão grave como essa não pode ser avaliada num
drive-thru”.
“Eu não posso avaliar uma questão tão grave como
essa num drive-thru. Não é assim. Não é desse jeito. Quanto tempo se
discutiu, se passou aqui na crise do governo Dilma? As coisas não são
desse jeito”, afirmou. Maia disse que é preciso ter “paciência”. Ele
reforçou, porém, mais uma vez, que, como presidente da Câmara, “não será
instrumento para desestabilização do Brasil”.
Na manhã de ontem, Temer discutiu com a bancada do
partido a destituição do senador Renan Calheiros (AL), de quem é
desafeto, da liderança do PMDB. A conversa rendeu bate-bocas no plenário
mais tarde, além de um enfrentamento em discursos entre Renan e o
presidente do PMDB, Romero Jucá (RR). Renan defende publicamente a saída
do companheiro de partido.