sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Adolescente morto com mangueira de ar no ânus perdoou suspeitos, diz mãe

 

 

Ele pediu justiça e afirmou que não se tratava de uma brincadeira. "Para mim ele não morreu"
Da Redação (redacao@correio24horas.com.br)
Atualizado em 16/02/2017 20:56:25
O adolescente Wesner Moreira da Silva, 17 anos, que morreu após sofrer agressão com uma mangueira de ar, perdoou os responsáveis pelo crime, segundo a mãe, a dona de casa Marasilva Moreira da Silva. "Ele falou assim: 'mãe, eu perdoo, mas não quero eles perto de mim.' Eu, como mãe, fiquei olhando para ele, tanto amor dentro do coração que ele perdoou e pediu justiça. Falei: meu filho, você vai ter a justiça", contou ela ao G1.
(Foto: Reprodução)
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O garoto foi agredido em um lava-jato de Campo Grande e o corpo foi sepultado na tarde de ontem. Ele chegou a ficar 11 dias internado na capital sul-mato-grossense, mas não resistiu à gravidade dos ferimentos. O rapaz teve uma mangueira de compressão colocada perto do ânus. O jato de ar causou várias lesões, inclusive perda de parte do intestino. A situação aconteceu em uma suposta brincadeira do dono do lava-jato e um funcionário.
No hospital, Wesner contou detalhes do caso e pediu que os suspeitos fossem presos. A Polícia Civil já solicitou prisão preventiva do dono do lava-jato, Thiago Demarco Sena, 26 anos, e do funcionário Willian Henrique Larrea, 30.
Confiança
A mãe se emociona ao relembrar que Wesner sonhou com sua recuperação e seu retorno para casa. "Ele perguntava: 'mãe, já pintou meu quarto, que o médico vai me dar alta já'. A pressa dele era vir embora pra casa. A tinta tava toda ali, guardadinha, a gente ia pintar no domingo, mas deixamos pra segunda e ele morreu na terça. No último dia, ele tinha vomitado sangue de manhã e estava muito debilitado, foi entubado de novo e teve a preocupação de pedir pra minha irmã me ligar e avisar pra eu não assustar de ver ele entubado de novo. 'Eu conheço minha mãe, fala para ela ficar firme' ele disse pra minha irmã", lembra Marasilva.
(Foto: Reprodução)
A mãe o visitou uma última vez, brincou com ele e disse que o amava. Depois, ela fez uma massagem no pé do filho. "Peguei o creme, olhei o pé dele, estava muito amarelinho, meio branco já, e comecei a passar o creme no pé dele, beijei o pé dele".
O pai, Valdecir Ferraz da Silva, diz que sentirá falta da amizade do filho.  "Para mim ele não morreu. É muito difícil, sabe, eu chegar em casa e saber que ele não vai estar, a qualquer momento ele estava brincando comigo, ele gostava muito de mim. Nós éramos grandes amigos".
Crime
O caso foi na manhã de 3 de fevereiro. A família recebeu uma ligação do dono do lava-jato informando que o adolescente fora levado ao hospital, sem detalhes. Lá, souberam que o garoto estava no local de trabalho quando aconteceu o fato, que seria uma brincadeira. O funcionário segurou Wesner enquanto o dono do local colocou a mangueira de compressão de ar na direção do ânus do menino.
Em estado grave, Wesner passou por cirurgias e chegou a perder parte do intestino. A pressão do ar foi tão intensa que estourou o intestino grosso e comprimiu os pulmões, trancando as válvulas respiratórias. Ele teve uma melhora, mas na terça-feira pela manhã sofreu complicações no esôfago, perdeu muito sangue e acabou sofrendo uma parada cardíaca à tarde.
O adolescente negou, antes de morrer, que a agressão tenha sido uma brincadeira da qual participava. Os suspeitos podem responder por lesão corporal grave seguida de morte ou homicídio.