quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Relatório da PF mostra relação entre Geddel Vieira Lima e a OAS


De acordo com o jornal 'O Globo', o presidente do PMDB na Bahia trabalhava para facilitar a tramitação de contratos da empresa de Léo Pinheiro em diversos setores do governo


Geddel Vieira Lima foi exonerado da vice-presidência da Caixa (Foto: Roosewelt Pinheiro / ABr)
Informações obtidas pelo jornal O Globo mostram o envolvimento do ex-ministro Geddel Vieira Lima, presidente do PMBD na Bahia, com o empreiteiro Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS. Segundo relatório feito pela Polícia Federal com base em mensagens de dois celulares apreendidos do empreiteiro, Geddel fazia pedidos de recurso para campanhas e, em troca, a OAS usava a influência de Geddel dentro de diversas instituições públicas.
Ex-ministro no governo Lula e ex-vice-presidente de Pessoa Jurídica na Caixa Econômica Federal, Geddel facilitou, em 2013, de acordo com O Globo, a entrada da OAS em um consórcio integrado da Transolímpica, via expressa do Rio de Janeiro para os Jogos de 2016.
“Amigo, aquele assunto da Transolímpica, questão da trava domicilio/notificação da nossa parte tá solucionado. Mandei o pessoal enviar uma minuta e se concessionária der ok, já liberamos os 30 abs”, diz a mensagem de Geddel a Pinheiro, segundo o jornal. 
Também em 2013, conforme as investigações, o então vice-presidente da Caixa atuou junto ao ex-ministro da Aviação CivilMoreira Franco, para que concessionárias de aeroportos pudessem participar de novos leilões. Um pedido de Léo Pinheiro, de acordo com a PF.
“Martelo batido: pode participar. Aí está mensagem que acabo de receber de MF (Moreira Franco). Me disse ele que solução nos contempla. Parabéns”, diz mensagem de Geddel a Pinheiro. Um pouco antes, porém, o ex-ministro mostra dificuldades e critica a presidente Dilma Rousseff por dificultar a concessão. Nas mensagens, eles se referem à Dilma como 'tia'. “Soube que a tia fechou questão nisso, lero de monopólio etc. Estou pressionando muito, a tia tá muito dura”. 
Em Salvador, Geddel cuidou de um empreendimento imobiliário da OAS junto à prefeitura, o Costa España. Em troca, segundo as investigações, foi a vez de Geddel pedir ajuda quando tentou concorrer a uma vaga no Senado e pediu para que Léo Pinheiro “acelerasse o processo”. Geddel perdeu as eleições para Otto Alencar.
Em resposta aos financiamentos que Geddel ajudou a OAS, a Caixa Econômica disse ao Globo que o Costa España foi financiado por outra instituição financeira e que durante o período em que Geddel e Pinheiro trocaram mensagens sobre a Transolímpica, não houve um financiamento da Caixa. Geddel, em entrevista ao jornal, nega a troca de favores (leia a entrevista com o ex-presidente da Caixa na reportagem).