segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Gandhy forma o tapete branco da paz na avenida

  • O 66º desfile da agremiação lotou ruas do centro de Salvador
O sexagenário afoxé Filhos de Gandhy deu início, na tarde deste domingo, ao seu 66º Carnaval com um cortejo que lotou o Centro Histórico e o circuito Osmar (Campo Grande).
Apoiando a campanha Vá na moral ou vai se dar mal! Violência contra a mulher é crime, da Secretaria de Políticas para Mulheres, o bloco seguiu do Pelourinho ao circuito tradicional da folia pela Av. Carlos Gomes, deixando cheiro de alfazema no ar.  O cantor Aloísio Menezes foi responsável por entoar os cânticos iorubás do afoxé.
Antes, na área histórica da cidade, o Padê, tradicional ritual religioso cumprido pela agremiação, saudou o orixá Exu, pedindo a abertura dos caminhos e um Carnaval de paz.
A preparação dos foliões do Gandhy, entretanto, começou bem antes, nas ruas da Baixa dos Sapateiros e do Pelourinho, onde as turbanteiras costuram torços na cabeça dos associados.

Jardecira Santana, 58 anos, afirma que o trabalho, apesar de cansativo, "é prazeroso". Para a realização do serviço, são cobrados R$ 20,  e cada profissional faz até 20 turbantes em um dia de pico, como o da estreia do afoxé na folia.
"Só penso na paz e no amor que o Gandhy traz para nós. É tudo de bom!", define Jardecira, enquanto prepara a fantasia do gerente de vendas João Paulo Cabral, 35.
Associado há 15 anos, Cabral se arrepia ao falar da paixão pelo bloco. "O Gandhy é minha tradição, minha religião, é a certeza de um início de ano de muitas alegrias, é uma energia muito positiva", afirma.
O guru Tio Souza, símbolo do afoxé, destaca o combate da direção do bloco à troca de colares por beijos - às vezes roubados de forma agressiva. "Esse mito [da troca do colar por um beijo] não condiz com a filosofia do Gandhy e vem dos que desrespeitam as instruções passadas no ato de entrada na entidade", explic