A espera dos nomes que irão compor o secretariado executivo do governador eleitor, Rui Costa, (PT) deve terminar hoje.
O novo gestor, diplomado ontem em cerimônia no Centro de Convenções
da Bahia, ao lado do vice-governador João Leão (PP) e do senador Otto
Alencar (PSD), anuncia hoje, em entrevista coletiva às 10h, no Salão de
Atos da Governadoria, em Salvador, os titulares que irão formar a sua
equipe de governo.
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Ontem à noite, ele se reuniria com líderes de partidos para fazer os
últimos ajustes e acabar com impasses nas indicações. O governador teria
conversado intensamente com os aliados nos últimos dias a fim de
chegarem a um consenso sobre os perfis desejados.
“Trabalhamos para encontrar quadros que unissem características
técnicas e políticas, porque eu acho que essa é a melhor combinação.
Queremos pessoas que tenham afinidade com as áreas que vão tocar. Essa
composição é sempre um quebra cabeça, e amanhã (hoje) nós iremos
anunciar”, disse. Rui deixou claro que a combinação entre o técnico e o
político junto ao interesse de cada agrupamento político era o grande
desafio enfrentado.
Nos bastidores do ato, alguns nomes eram dados como certos de ser
confirmados hoje. Alguns políticos citavam a confirmação de André
Curvello para a pasta de Comunicação. A permanência de alguns também era
fortemente ventilada, a exemplo de Maurício Barbosa para a Secretaria
de Segurança Pública e Nestor Duarte (PDT), como nome defendido pelo
presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Nilo (PDT), para a
Secretaria de Administração Penitenciária (Seap).
Carlos Mello ou Cícero Monteiro (PT) foram mencionados para a Casa
Civil. O primeiro é executivo com experiência na pasta, já que
substituiu Rui, quando este saiu para concorrer ao governo. Por sua vez,
Cícero também adquiriu muita confiança, durante o período eleitoral,
pois assumia o cargo estratégico na área política, sendo secretário de
Relações Institucionais (Serin), pasta que também já foi ocupada por
Rui.
No burburinho da diplomação ontem, apareceu como possível nome para
comandar a pasta de Agricultura o ex-deputado federal Oziel Oliveira
(PDT). Outra indicada seria Fernanda Mendonça, prima do presidente
estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça. Consta que ela poderia
ocupar a pasta de Trabalho. Contudo, essa área também estaria sendo
pleiteada pelo PCdoB, que apostaria para o comando, no nome do deputado
estadual Alvaro Gomes, que não conseguiu se reeleger para o cargo.
Questionado sobre a permanência do atual secretário de Planejamento,
José Sérgio Gabrielli (PT), Rui descartou: “Gabrielli não fica, ele vai
cuidar da vida dele, dos projetos da vida dele. É uma pessoa séria,
correta. Alguém vai dizer que ele é presidente quando aconteceu isso,
tudo, mas tenho confiança no trabalho dele”, ponderou.
Temor da crise - O governador não titubeou ao
responder sobre os escândalos envolvendo a Petrobras, empresa que
Gabrielli dirigiu antes da atual Graça Foster. Ele destacou ainda as
possíveis consequências desse escândalo. Segundo Rui, “é preciso separar
as pessoas físicas das jurídicas”.
O petista defendeu a punição daqueles que tenham cometido
irregularidades, mas disse que “o país não podia parar. É muito ruim
para a economia brasileira ser atingido por uma crise que atinge
pessoas. É preciso fazer uma consertação com os poderes. São empresas
importantes para o país, mesmo com o envolvimento dos executivos. Todos
os estados têm obras dessas empresas. Temos que separar o que foi o erro
das pessoas, senão vamos trazer muita crise e desemprego. As acusações
são gravíssimas e precisam ser apuradas”.
O governador sinalizou certo temor com a repercussão das
investigações e o futuro de alguns projetos de peso. Um dos projetos
possíveis de serem atingidos é a ponte Salvador-Itaparica. Rui disse que
preparou uma apresentação para mostrar à presidente Dilma (PT), em
audiência em janeiro.
Se o secretariado sai hoje, um fato é certo: a ansiedade e a
curiosidade de aliados ainda predominam nos bastidores políticos. Alguns
dão sinais de aposta no próprio nome.
Ontem, durante entrevista em sua diplomação, o vice-governador agora
diplomado, João Leão (PP), demonstrou sua potencialidade para assumir um
cargo no primeiro escalão do governo do estado. O progressista não quis
antecipar os possíveis nomes indicados pela sigla. Porém, deixou claro
que terão espaço aqueles que se empenharam durante a corrida eleitoral.
“Não é justo trazer alguém que não foi da campanha”.
Discorreu ainda que se reuniria com Rui na noite de ontem para tratar do assunto.
Questionado sobre o perfil exigido por Rui, Leão frisou a junção de
nomes técnicos e políticos. “Eu mesmo sou técnico e político”, disse,
informando que duas secretarias fazem parte de suas afinidades, que são a
de Infraestrutura e Recursos Hídricos.
Contudo, pelo que se sabe nos bastidores, a briga pela Seinfra também
passa pelo PSD, cujo comando atual tem um nome de seus quadros indicado
pela agremiação. “O PP está pleiteando aquilo que lhe é de direito. A
(divisão) depende do peso de cada partido. Se for preciso, o PP vai
abrir espaço para outros partidos”, afirmou.
Leão disse que a redução no número de secretarias não prejudica as
relações do governo com os partidos. “Todo mundo entende que isso é bom
para a Bahia”, disse. Ventilado nos últimos meses como um possível
ministro de Dilma, Leao não terá a mesma sorte do governador Jaques
Wagner: ele mesmo descartou a possibilidade de ter Brasília nos seus
planos.
“Desisti de Brasília. Dona Tereza (esposa) não deixa. Meu filho,
Cacá Leão, já foi pra lá e havia um acordo que um pudesse ficar. Por
tanto, ela me intimou a permanecer