postado 17-10-2013 15:08
No lançamento da 4ª edição do Boletim de Análise Político-Institucional (Bapi), o diretor do Ipea,
Daniel Cerqueira, apresentou dados que mostram que, no Brasil, a
probabilidade do negro ser vítima de homicídio é oito pontos percentuais
maior, mesmo quando se compara indivíduos com escolaridade e
características socioeconômicas semelhantes.
Para
Almir de Oliveira Júnior e Verônica Couto de Araújo Lima,
respectivamente pesquisador do Ipea e acadêmica da área de Direitos
Humanos da UnB, se no Brasil a exposição da população como um todo à
possibilidade de morte violenta já é grande, ser negro corresponde a
pertencer a um grupo de risco, pois a cada três assassinatos, dois são
de negros. Somando-se a população residente nos 226 municípios
brasileiros com mais de 100 mil habitantes, calcula-se que a
possibilidade de um adolescente negro ser vítima de homicídio é 3,7
vezes maior em comparação com os brancos.
Os
dados são do artigo que escrevem em parceria, Segurança Pública e
Racismo Institucional, que compõe a quarta edição do Bapi, lançada nesta
quinta-feira, 17, simultaneamente no Rio de Janeiro e em Brasília.
Analisando o racismo institucional dentro das polícias, os autores
conceituam o termo como sendo o fracasso coletivo das instituições em
promover um serviço profissional e adequado às pessoas por causa da sua
cor.
A
pesquisa aponta que negros são maiores vítimas de agressão por parte de
policiais que brancos. A Pesquisa Nacional de Vitimização mostra que
6,5% dos negros que sofreram uma agressão no ano anterior à coleta dos
dados pelo IBGE, em 2010, tiveram como agressores policiais ou
seguranças privados (que muitas vezes são policiais trabalhando nos
horários de folga), contra 3,7% dos brancos.
Lançamento
A coordenadora da publicação, Joana Alencar, e o diretor da Diest abriram a coletiva de lançamento do Boletim, na sede do Instituto, em Brasília. Logo em seguida, Roberto Messenberg, que também coordena a publicação, comentou o conteúdo geral dos sete artigos da publicação. A apresentação contou ainda com a participação da pesquisadora do Instituto Maria Bernadete Sarmiento Gutierrez, que demostrou dados de seu artigo, Desenvolvimento Sustentável: a necessidade de um marco de governança adequado.
Os
outros textos que compõem o Bapi são: As manifestações de junho e os
desafios à participação, de Wagner Romão; A pacificação das favelas do
Rio de Janeiro e as organizações da sociedade civil, de Rute Imanishi e
Eugênia Motta; Participação e desenvolvimento regional: uma conexão
ainda frágil, de Clóvis Henrique de Souza, Paula Fiuza Lima e Joana
Alencar; Audiências públicas: fatores que influenciam seu potencial de
efetividade, de Igor Fonseca, Raimer Rezende, Marília de Oliveira e Ana
Karine Pereira; e, por fim, Pronatec: múltiplos arranjos e ações para
ampliar o acesso à educação profissional, de Maria Martha Cassiolato e
Ronaldo Garcia.
Este
volume da publicação tem como foco aspectos estruturais de algumas das
instituições políticas brasileiras e a relação entre o desenvolvimento e
os mecanismos de democracia representativa e participativa.