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Os serviços de urgência e emergência funcionaram normalmente durante o
dia de ontem em Salvador, no entanto, quem buscou consultas ouviu a
informação de que o atendimento estava suspenso. A paralisação de 24
horas no atendimento foi parte das atividades nacionais de mobilização
contra os planos de saúde.
De acordo com a presidente da Comissão Estadual de Honorários
Médicos, Débora Angeli, a mobilização alcançou 80% dos 12 mil médicos
que trabalham com saúde suplementar na Bahia. “O objetivo dessa
manifestação não foi causar prejuízo financeiro nas operadoras, mas
alertar a população para a crise no setor que já está impactando também a
saúde pública”, frisou a representante da categoria. A médica ressaltou
que os planos de saúde se recusam a negociar reajustes na remuneração
médica, o que força o profissional a ampliar a carga de trabalho.
“Ninguém saí ganhando com um médico estressado, que não consegue se
aprimorar, por isso essa não é uma luta apenas da categoria”, completou.
Para os próximos dias, as entidades médicas devem continuar focando
na negociação e na judicialização do processo, inclusive com a
possibilidade de responsabilização judicial da ANS. “Chegamos a uma
situação limite”, completa a médica.
Durante toda a tarde de ontem, representantes do Conselho Regional de
Medicina (CREMEB), Associação Bahiana de Medicina (ABM), Sindicato dos
Médicos da Bahia (SINDIMED), Agência Nacional de Saúde(ANS), Ministério
Público Estadual e Federal, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Procon e
representantes dos consumidores estiveram em reunião na sede da ABM
para discutir uma saída para o que o representante do Ministério Público
Estadual, Rogério Queiroz, considerou um colapso. “Estamos recebendo
inúmeras denúncias de mães que têm plano de saúde, por exemplo, mas que
são assistidas pelo SUS porque o serviço contratado não disponibiliza
hospital para o parto”, pontuou, destacando que o problema não ocorre
apenas na obstetrícia, mas em muitas especialidades médicas e que a
questão precisa ser discutida de maneira muito mais vigorosa pela
sociedade e pela própria ANS. Queiroz lembrou ainda que no caso da
obstetrícia, não adianta o governo ter o parto normal como prioridade,
se os valores pagos para esse procedimento são inferiores às cesarianas.
“A ANS precisa se colocar diante de situações como essas”, completou.
Ontem, por exemplo, ainda no início da tarde, os serviços de
obstetrícia dos Hospitais Salvador e Santo Amaro ficaram suspensos por
não terem mais capacidade de atendimento.