O Estado de S.Paulo
A partir de amanhã, os 115 cardeais que ainda não
completaram 80 anos - e, portanto, podem votar no conclave que definirá o
próximo líder da Igreja Católica, com previsão de início nos próximos
dez dias - terão como uma de suas principais tarefas formar um seleto
grupo de nomes aptos a ocupar o trono de Pedro.
Não há candidatos oficiais a papa - demonstrar tal ambição e fazer
campanha são tabus. Mas, com base nos relatos de vaticanistas que
conversaram com prelados de todo o mundo, o Estado apresenta nesta página os perfis de dois desses nomes.
Um deles é Angelo Scola, o arcebispo de Milão, a potência econômica
da Itália. O italiano de 71 anos é especialista em bioética e nas
relações entre cristãos e muçulmanos. É a aposta dos italianos, mas,
como Bento XVI, é considerado mais um intelectual que um comunicador
carismático.
O outro, brasileiro, é d. Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, a
maior diocese do País com o número mais expressivo de católicos no
mundo. Aos 63 anos, é considerado o papável mais forte da América
Latina. Visto no Brasil como conservador, no Vaticano seria encarado
como moderado. Mas pode ser prejudicado pelo rápido crescimento das
igrejas evangélicas no País.
A lista de papáveis que por ora são destacados inclui outro
brasileiro: d. João Bráz de Aviz, arcebispo-emérito de Brasília e, desde
2011, prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e
as Sociedades de Vida Apostólica. Aos 65 anos, apoia a Teologia da
Libertação, mas não os excessos de alguns de seus defensores. É
considerado um renovador no Vaticano, mas também um homem muito
discreto, o que pode pesar contra sua eleição.
Ainda na América Latina, outro nome lembrado é o de Leonardo Sandri,
argentino, mas filho de italianos. Entre 2000 e 2007, ocupou o terceiro
cargo mais importante no Vaticano, o de chefe de Estado-Maior.
Potências. A América do Norte tem três nomes em
destaque: os americanos Timothy Dolan, de 63, e Sean O'Malley, de 68,
além do canadense Marc Ouellet, de 68. Muitos, porém, se opõem a um papa
vindo de uma superpotência, e o canadense é considerado pouco
carismático.
A Itália tem outro nome forte, Gianfranco Ravasi, de 70. Mas ele
também é considerado mais acadêmico que pastor. A Europa conta ainda com
dois outros nomes fortes, o húngaro Peter Erdo e o austríaco Christoph
Schoenborn. O primeiro tem boa relações com os africanos e o segundo foi
aluno de Joseph Ratzinger.
Completam o rol de favoritos o ganês Peter Turkson - famoso por
defender a consciência social e uma reforma financeira mundial, mas é
considerado opositor dos muçulmanos. Já o filipino Luis Tagle, de apenas
55 anos, é considerado tão carismático quanto João Paulo II. / AP e EFE