Uma operação conjunta da Polícia Federal (PF), Ministério Público
do Trabalho (MPT) e Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) libertou na última
segunda-feira (25) 28 pessoas que estavam em situação análoga à escravidão numa
fazenda em Inácio Martins (200 km a oeste de Curitiba). Ninguém foi preso.
Segundo a PF, os trabalhadores e filhos pequenos viviam em situação degradante,
sem quaisquer condições de higiene, alimentação precária e nenhuma assistência
médica em meio à mata nativa, onde faziam o corte de erva-mate. “Soubemos do
caso porque um trabalhador fugiu e relatou a situação. Na operação, vimos que o
relato era verdadeiro. Nos alojamentos, faltava comida e não havia leite para
as crianças. A comida era, basicamente, biju (mistura de farinha de mandioca
com sal). Para enganar a fome, o empregador dava cachaça ao pessoal”, informa
Maurício de Brito Todeschini, delegado da PF em Guarapuava (255 km de
Curitiba). Dívida com o empregador “Além disso, todos os trabalhadores tinham
dívidas com o empregador. É o esquema usual nesses casos, em que se cobra pela
comida e por alojamentos. Dessa forma, o trabalhador está sempre devendo, fica
impedido e nem sequer tem dinheiro para sair dali. Fica configurado o regime de
escravidão”, diz o delegado. Em audiências que serão realizadas na tarde desta
quarta-feira (27), o MPT irá confirmar quem era o responsável legal pelos
trabalhadores. Os proprietários da fazenda e o contratante irão responder pelo
crime de Redução à Condição Análoga à de Escravo, que prevê pena de dois a oito
anos