Com 30 anos de experiência em furtar carros, José Eduardo Régis do
Nascimento, 48, tornou-se um "especialista". Tanto que é capaz de
ensinar os motoristas a se protegerem. José está preso desde o último
dia 2 de janeiro, quando foi flagrado por PMs após ter furtado um GM
Corsa e um GM Ipanema em Piatã. Mas, para entender a dica dele, é
preciso conhecer as preferências do criminoso: ele só furta carros
fabricados do ano 2000 para trás.
"José Eduardo usa uma chave micha, capaz de abrir os carros, só que os
mais novos vêm com fechadura codificada por imantização e só ligam com
a chave do próprio veículo", explica o delegado Nilton Borba, titular
da Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos de Veículos.
Aos donos dos carros mais antigos, o ladrão avisa: alarme não serve
para nada. "Se o alarme dispara, abro o capô e desligo os fios, por
exemplo. Ou posso desconectar dentro do veículo. O alarme pode disparar
até mesmo quando o dono entra no carro. Quase ninguém atenta", conta.
Corrente - Qual a solução? "O que adianta mesmo é uma
corrente no volante e na embreagem", ele aconselha. "Tem de ser daquelas
correntes cromadas (com reforço). De ferro é fácil tirar com uma
serra", diz.
Conforme o delegado, José - que vende os carros por preços entre R$
500 e R$ 1 mil - e um ladrão conhecido como Pé de Bolo seriam
responsáveis por cerca de 80% dos furtos de carros na capital. Pé de
Bolo está foragido. José diz que não conhece o "colega". Uma das áreas
de atuação de José Eduardo é a orla.
Ele diz que já foi preso dez vezes e que responde a diversos inquéritos
e processos por furto, receptação e adulteração de sinal
identificador. O máximo de tempo que ele ficou preso foi um ano e oito
meses. Apesar da extensa ficha, José Eduardo gaba-se de nunca ter usado
uma arma nem ter agredido nenhuma vítima para levar os carros: "Espero
os motoristas saírem dos carros e se distanciarem". O delegado
confirma: "Realmente, nunca tivemos queixa de que ele bateu em alguém".
"Professor" - José Eduardo aprendeu a furtar veículos
com 18 anos. Ele tinha ido trabalhar em Catu (Grande Salvador) como
motoboy do jogo do bicho. Foi naquela cidade que ele conheceu Locutor,
experiente ladrão que o ensinou a técnica para fazer a chave micha. Dali
em diante, José se aperfeiçoou.
Natural de Ilhéus, ele reside no bairro Vida Nova, em Lauro de Freitas
(Grande Salvador). Conta que já trabalhou como motorista, porteiro e
mecânico. Está há cinco anos desempregado. "Com ficha suja, é difícil
arranjar emprego", tenta explicar.
informações de A TARDE