"Pedi a Deus que que meu filho não morra como traficante", desabafa mãe.
Polícia matou jovem de 15 anos no sábado e disse que ele estava armado.
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Após o depoimento, o pai da vítima refez o caminho feito pelo filho à procura de testemunhas que possam esclarecer a morte do jovem. "A gente vai no Ministério Público [da Bahia], vou procurar a minha testemunha para ver quem está certo e errado, porque eu sei que o meu filho não estava armado", relatou o pai. "Pedi a Deus que limpe o nome do meu filho, que dê a versão verdadeira, para que meu filho não morra como traficante", debafou a mãe Eliana dos Santos.
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Segundo testemunhas, a polícia já entrou atirando na comunidade da
Horta, localizada no bairro Pernambués. O adolescente foi baleado, mas
ainda conseguiu correr, segundo descrição das testemunhas. Ele subiu uma
escadaria e se escondeu em uma casa de cor verde. A PM afirmou que ele
chegou a ser socorrido para o Hospital Geral Roberto Santos e não
resistiu. Em nota, a polícia alegou que foi recebida a tiros por cinco
homens e que o menino, que seria um deles, estava armado. No último fim
de semana, amigos e parentes fizeram dois protestos contra a morte dele.Versão de amigos
A cunhada da vítima, 19 anos, afirmou que o garoto não tinha envolvimento com o crime e que, pouco antes do ocorrido, estava na casa dela com a namorada. "Ele estava aqui em casa com a gente, pediu para fazer almoço e disse que ia cortar o cabelo para depois almoçar. Tem um beco aqui que já sai na Luís Eduardo Magalhães [avenida]. Todo mundo que estava na rua viu como tudo aconteceu, tinha muita gente porque era sábado. Falaram que quando ele chegou no beco e viu a polícia fez menção de correr e atiraram nas costas dele. Ele correu ferido, com sangue pingando, para a casa de uma moça e ficou no quintal. Quando ele foi ver se a polícia tinha ido embora, um policial o viu e disse ‘aqui, ele está aqui’. A moça [dona da casa] pediu para os PMs não matarem ele, que era um garoto de família, que era para levar ele preso e não matar. Os policiais disseram para ela 'a gente não veio para prender, veio para matar’. Atiraram de novo nele e depois colocaram uma arma junto dele", afirmou.
Ainda bastante abalada, a namorada do adolescente, 15 anos, disse que o casal tinha se programado para ficar na rua do bairro à noite com os amigos. "Eu estava na frente de casa, sentada, e chegou um colega meu avisando que ele tinha morrido. Fui lá, mas já tinham levado ele. A gente ia ficar na rua de noite. Ele era carinhoso. Não estudava, mas não tinha ligação com o crime. Ele ficava 24 horas comigo aqui na minha casa", afirmpu.
O G1 solicitou contato com o comandante da 1ª CIPM para comentar o caso, mas até o fechamento desta reportagem não teve retorno da assessoria da Polícia Militar.
Policiais afastadosDezesseis policiais militares foram afastados da corporação após duas mortes ocorridas em Saramandaia, bairro próximo a Pernambués, em Salvador, durante uma operação policial realizada no dia 30 de julho. A polícia informou que uma sindicância foi aberta para investigar as acusações feitas por moradores da região de que os policiais teriam relação direta com as mortes dos jovens. Durante o andamento das investigações, os policiais se dedicam a trabalhos administrativos.
Na ocasião, a polícia afirmou que duas pessoas morreram no local durante troca de tiros entre suspeitos de tráfico de drogas e homens do grupo especial Rondesp e da 1ª Companhia Independente da Polícia Militar (1ª CIPM). Segundo a polícia, a equipe teria ido ao local averiguar a denúncia da realização de uma "festa do pó", quando foi recebida a tiros por 15 homens armados que participavam do evento. Houve confronto e os dois baleados foram levados para o Hospital Geral Roberto Santos, mas não resistiram aos ferimentos