O Palhaço e as Eleições
Numa
cidade, foi armado um circo. Tudo estava pronto e a inauguração deveria
ser à noite. Sem dúvida, iria ser uma grande festa, mesmo levando em
conta que a situação não estava boa, pois uma prolongada seca castigava a
região. Muita gente passando fome. Mesmo assim o circo ia bem. O povo
esqueceria a tristeza, ao menos por algumas horas.
O PALHAÇO
vestiu suas roupas coloridas e fora da moda, pintou o rosto, colocou
nariz postiço e foi para o palco contar anedotas. Parecia um campeonato
de mentiras. O público se divertia. De repente chega alguém e cochicha
com o palhaço: “O circo está pegando fogo! Diga para o público que saia
depressa”. O palhaço mudou a voz e falou sério: “Vamos saindo depressa
porque o circo está em chamas”. O povo ria vendo o palhaço chorar e
repetir: “Minha gente, saiam o quanto antes para não morrerem
queimados”. De repente as lonas estavam em chamas e começaram a cair
sobre a platéia: era um incêndio de verdade.
HOJE
a cena se repete. O povo não acredita em muitos políticos. Houve
palhaçadas demais nos últimos anos. Poucos acreditam que agora estejam
falando sério. Por isso as risadas saúdam as solenes promessas. Todos
corremos o risco de morrermos queimados!
O ELEITOR
brasileiro tem o direito, diante de tantos escândalos produzidos por
alguns políticos, de externar sua desconfiança. Mas não pode, jamais,
fugir de sua corresponsabilidade – afinal, não há parlamentar eleito sem
voto. A eleição é um julgamento a que os candidatos se submetem e o
eleitor é quem decide. Se a escolha for acertada, os dividendos
aparecerão. A pena para o voto equivocado são quatro anos de
arrependimento. E a ilusão é uma porta aberta para o precipício do erro.
A omissão é a pior escolha.
O BRASIL está
em situação difícil não porque existem muitas pessoas más, mas porque
os bons se omitem. Já nos alertava o Papa Pio XII que “onde faltam
cidadãos honestos, outros vêm ocupar-lhes o lugar para fazer da
atividade política a arena de suas ambições, uma corrida aos ganhos
próprios e de sua classe”.
OS ELEITORES devem ter clareza de que votar é algo muito mais sério que simplesmente apertar alguns botões na
urna eletrônica. Mais do que eleger pessoas, é preciso eleger idéias e
propostas viáveis com relação à Educação, Saúde, Segurança e Agricultura
Familiar...
+ Itamar Vian
Arcebispo Metropolitano
di.vianfs@ig.com.br