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A matéria que vocês lerão a seguir é de autoria do Carlos Eduardo Pullis Venturini
e mostra um ângulo bastante interessante de nosso futebol. Na área do
Carlos – as ciências econômicas – os números dizem muito. No futebol nem
sempre isso é verdade, mas, inegavelmente, o que ele mostra em seu
levantamento é digno de ser pensado. Esse post já estava pronto quando
terminou a 25ª rodada do Brasileiro, mas não pude colocá-lo no ar antes.
A publicação ontem do levantamento da IFFHS reforça a oportunidade e
interesse desse post. EG
Lionel Messi x Times Brasileiros da Série A
Em matéria publicada nesta segunda-feira, 24 de setembro, foi divulgado o ranking de artilharia da IFFHS (Federação Internacional de História e Estatística do Futebol, em inglês),
que computa apenas os gols em jogos internacionais, por clubes e
seleções. Neste ranking, o santista Neymar apareceu somente atrás de
Lionel Messi, o maior astro do futebol atual.
Realmente, o santista vem crescendo
como jogador e adquirindo prestígio internacional com suas atuações,
tanto pelo Santos quanto pela Seleção Brasileira (embora tenha havido
certa inconstância em suas participações no selecionado brasileiro). No
entanto, quanto falta para chegar em Messi? Ao avaliarmos a média de
gols/jogo dos dois jogadores a resposta é: muito!
Somente a título de
comparação, em 2012 Messi anotou, até agora, 63 gols em 48 jogos, uma
média de 1,31 gols por partida. Neymar, por sua vez, marcou 45 gols em
53 partidas, média de 0,85 por jogo. Uma boa média, mas ainda assim
muito inferior à apresentada pelo argentino. Se ainda levarmos em conta
que com 5 jogos a menos Messi marcou 18 gols a mais que o brasileiro.
Incrível, realmente incrível…
Diante destes dados,
como comparar Messi com outros jogadores de futebol? Bem, na verdade o
desempenho de nosso “hermano” ultrapassa os limites da análise
individual. Messi está num patamar em que já é possível comparar seu
desempenho ao de clubes. A média de gols dele é maior que as de Vasco,
Cruzeiro, Internacional, Santos, Ponte Preta, Náutico, Corinthians,
Figueirense, Bahia, Atlético-GO, Portuguesa, Flamengo, Sport e
Palmeiras, analisando-se o Campeonato Brasileiro de 2012 nestes
primeiros 26 jogos (excetuando-se Atlético-MG e Flamengo, com 25 jogos
cada, que tiveram seu confronto adiado).
Ou seja, um único jogador possui média de gols maior do que 14 times ou 70% dos clubes que disputam a PRIMEIRA
divisão do Campeonato Brasileiro. No ranking da média de gols, como
pode ser visualizado na tabela abaixo, Messi ocuparia a 7ª colocação
entre os clubes que disputam o Campeonato Brasileiro. Para piorar, a
base de comparação do número de jogos do argentino é muito maior, não há
como dizer que é apenas uma fase, são 48 jogos dele contra 26
disputados pelas nossas equipes. Enquanto isso, Neymar seria o último em
média de gols, caso fosse uma “equipe”, com sua média de 0,85 gol por
jogo, entretanto estaria bem próximo da média do Sport, 0,88 gol/jogo.
Messi é um gênio, sem
dúvida. Neymar dá sinais de que irá trilhar o mesmo caminho. Mas e os
nossos times? O que dizer do desempenho dos mesmos? Qual a surpresa de
ver a seleção brasileira em 12º lugar no ranking da FIFA e com a maior
impopularidade da história, tanto no Brasil quanto no mundo? Qual a
surpresa em ver o Santos de Neymar, o maior ídolo da atualidade no
Brasil, perder por 4 a 0 do Barcelona, de Messi?
Tendo em vista a
proximidade das Olimpíadas e da Copa no Brasil, é preciso que haja
investimentos conscientes nos esportes, não apenas no futebol, ao invés
de ficar torcendo por belas histórias de superação que surgem a cada
década em nosso país. Investimentos em estruturas decentes para nossos
atletas, investimentos nas categorias de base, para que ao invés de
ficarmos torcendo pelo aparecimento de um brasileiro que superou todas
as dificuldades para alcançar o lugar mais alto do pódio, nos
acostumemos a ver atletas excepcionais, forjados desde a infância para a
prática do esporte em alto nível.
O Brasil precisa de mais
seriedade em todos os âmbitos que possamos imaginar, não adianta termos
recursos (petróleo, terras férteis ou um povo com tradição de ser o
melhor do mundo no futebol) se não criarmos um ambiente favorável para
que possamos nos destacar nestas atividades. São necessários projetos de
longo prazo para o real desenvolvimento do Brasil, tanto na questão do
futebol, dos esportes olímpicos, da educação, do transporte, da
segurança. Potencial nós temos para sermos os melhores em tudo,
falta-nos planejamento e visão de longo prazo