quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Messi sozinho seria o sétimo maior ataque do Brasileiro da Série

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A matéria que vocês lerão a seguir é de autoria do Carlos Eduardo Pullis Venturini e mostra um ângulo bastante interessante de nosso futebol. Na área do Carlos – as ciências econômicas – os números dizem muito. No futebol nem sempre isso é verdade, mas, inegavelmente, o que ele mostra em seu levantamento é digno de ser pensado. Esse post já estava pronto quando terminou a 25ª rodada do Brasileiro, mas não pude colocá-lo no ar antes. A publicação ontem do levantamento da IFFHS reforça a oportunidade e interesse desse post. EG
Lionel Messi x Times Brasileiros da Série A
Em matéria publicada nesta segunda-feira, 24 de setembro, foi divulgado o ranking de artilharia da IFFHS (Federação Internacional de História e Estatística do Futebol, em inglês), que computa apenas os gols em jogos internacionais, por clubes e seleções. Neste ranking, o santista Neymar apareceu somente atrás de Lionel Messi, o maior astro do futebol atual.
Realmente, o santista vem crescendo como jogador e adquirindo prestígio internacional com suas atuações, tanto pelo Santos quanto pela Seleção Brasileira (embora tenha havido certa inconstância em suas participações no selecionado brasileiro). No entanto, quanto falta para chegar em Messi? Ao avaliarmos a média de gols/jogo dos dois jogadores a resposta é: muito!
               Somente a título de comparação, em 2012 Messi anotou, até agora, 63 gols em 48 jogos, uma média de 1,31 gols por partida. Neymar, por sua vez, marcou 45 gols em 53 partidas, média de 0,85 por jogo. Uma boa média, mas ainda assim muito inferior à apresentada pelo argentino. Se ainda levarmos em conta que com 5 jogos a menos Messi marcou 18 gols a mais que o brasileiro. Incrível, realmente incrível…         
               Diante destes dados, como comparar Messi com outros jogadores de futebol? Bem, na verdade o desempenho de nosso “hermano” ultrapassa os limites da análise individual. Messi está num patamar em que já é possível comparar seu desempenho ao de clubes. A média de gols dele é maior que as de Vasco, Cruzeiro, Internacional, Santos, Ponte Preta, Náutico, Corinthians, Figueirense, Bahia, Atlético-GO, Portuguesa, Flamengo, Sport e Palmeiras, analisando-se o Campeonato Brasileiro de 2012 nestes primeiros 26 jogos (excetuando-se Atlético-MG e Flamengo, com 25 jogos cada, que tiveram seu confronto adiado).
               Ou seja, um único jogador possui média de gols maior do que 14 times ou 70% dos clubes que disputam a PRIMEIRA divisão do Campeonato Brasileiro. No ranking da média de gols, como pode ser visualizado na tabela abaixo, Messi ocuparia a 7ª colocação entre os clubes que disputam o Campeonato Brasileiro. Para piorar, a base de comparação do número de jogos do argentino é muito maior, não há como dizer que é apenas uma fase, são 48 jogos dele contra 26 disputados pelas nossas equipes. Enquanto isso, Neymar seria o último em média de gols, caso fosse uma “equipe”, com sua média de 0,85 gol por jogo, entretanto estaria bem próximo da média do Sport, 0,88 gol/jogo.
 
               Messi é um gênio, sem dúvida. Neymar dá sinais de que irá trilhar o mesmo caminho. Mas e os nossos times? O que dizer do desempenho dos mesmos? Qual a surpresa de ver a seleção brasileira em 12º lugar no ranking da FIFA e com a maior impopularidade da história, tanto no Brasil quanto no mundo? Qual a surpresa em ver o Santos de Neymar, o maior ídolo da atualidade no Brasil, perder por 4 a 0 do Barcelona, de Messi?
               Tendo em vista a proximidade das Olimpíadas e da Copa no Brasil, é preciso que haja investimentos conscientes nos esportes, não apenas no futebol, ao invés de ficar torcendo por belas histórias de superação que surgem a cada década em nosso país. Investimentos em estruturas decentes para nossos atletas, investimentos nas categorias de base, para que ao invés de ficarmos torcendo pelo aparecimento de um brasileiro que superou todas as dificuldades para alcançar o lugar mais alto do pódio, nos acostumemos a ver atletas excepcionais, forjados desde a infância para a prática do esporte em alto nível.

               O Brasil precisa de mais seriedade em todos os âmbitos que possamos imaginar, não adianta termos recursos (petróleo, terras férteis ou um povo com tradição de ser o melhor do mundo no futebol) se não criarmos um ambiente favorável para que possamos nos destacar nestas atividades. São necessários projetos de longo prazo para o real desenvolvimento do Brasil, tanto na questão do futebol, dos esportes olímpicos, da educação, do transporte, da segurança. Potencial nós temos para sermos os melhores em tudo, falta-nos planejamento e visão de longo prazo