Candidatos de diferentes partidos tentam eleger prefeitos em importantes
cidades do país escondendo as cores e símbolos de suas siglas nas
campanhas eleitorais.
Em Recife (PE), o tucano Daniel Coelho trocou o azul e o amarelo da
legenda pelo verde, e ainda fez a ave-símbolo do partido desaparecer.
As cores do PSDB surgiram em Curitiba (PR), mas na campanha de um socialista, Luciano Ducci (PSB).
Em Porto Alegre (RS), Manuela D'Ávila substituiu o vermelho do seu PC do
B pelo laranja e roxo, além de não mostrar a foice e o martelo nas
faixas e bandeiras.
Em Campinas (SP), onde o PDT teve um prefeito cassado no ano passado, o nome da legenda não aparece na propaganda de TV.
Com a estratégia, os candidatos tentam realçar apoios políticos, manter
imagens públicas ou minimizar eventuais perdas eleitorais decorrentes do
estigma das siglas.
Candidatos escondem partidos na campanha
V
Campanha do candidato do PSDB a prefeito de Recife, Daniel Coelho, na praia de Boa Viagem
Eleito deputado pelo PV em 2010, Daniel Coelho filiou-se em 2011 ao
PSDB, sigla de pouca expressão em Pernambuco e associada à oposição aos
dois políticos mais populares no Estado, o ex-presidente Lula e o
governador Eduardo Campos (PSB).
O PV se aliou aos socialistas, mas o tucano manteve o verde como sua
marca. No seu material de divulgação, quase não há referências ao seu
verdadeiro partido.
A estratégia causou polêmica, e Coelho dedicou parte de um programa de
TV ao assunto. Disse que trocou de legenda para "continuar acreditando"
que pode "fazer uma política diferente".
Integrantes do PV recorreram à Justiça Eleitoral, mas perderam, por não
existir lei que regulamente o uso de cores nas campanhas eleitorais.
Sem lideranças expressivas no Paraná, o PSB usa na campanha do seu
candidato em Curitiba, Luciano Ducci, as cores do PSDB, partido do
governador Beto Richa, seu principal cabo eleitoral.
A assessoria do socialista diz que o amarelo também é a cor do PSB, e
que o azul faz parte da identidade visual de Ducci "há algum tempo".
COMUNISTA ROXA
Em Porto Alegre, a comunista Manuela D'Ávila, além de não exibir
símbolos como a foice e o martelo no seu material de campanha, faz raras
menções ao seu partido no site oficial e na televisão.
A direção municipal do PC do B nega que a sigla tente, com a estratégia,
evitar eventual rejeição do eleitorado aos símbolos do comunismo.
Segundo a coordenação de campanha, a intenção é não "partidarizar" uma
coligação que é formada por outras quatro siglas. O roxo, afirma, foi
escolhido por sua "identificação com as mulheres"