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AFONSO BENITES
ANDRÉ CARAMANTE
DE SÃO PAULO
ANDRÉ CARAMANTE
DE SÃO PAULO
Dois dias após ter o filho assassinado em uma abordagem da Polícia
Militar, a empresária Carmen Prudente de Aquino, 67, disse que a
sociedade tem medo da polícia, criticou a falta de preparo dos policiais
e afirmou que o filho "não morreu em vão":
"Hoje, temos medo da polícia", disse à Folha. O filho dela, o empresário
Ricardo Prudente de Aquino, 39, morreu na noite de quarta-feira após
levar dois tiros na cabeça durante uma abordagem policial em Alto de
Pinheiros (zona oeste de São Paulo).
Ela afirmou que a morte não foi em vão porque vai, com amigos e
familiares, iniciar movimento para forçar o governo a melhorar o
treinamento de policiais militares.
"Essas pessoas que fizeram isso não podiam estar na rua. Nem nessa
profissão. Não os julgo. Julgo a política. Julgo os políticos que não
colocam dinheiro na educação das crianças, na segurança, no treinamento
dos policiais."
Ontem, durante o enterro de Aquino no cemitério Gethsemani, no Morumbi
(zona oeste), familiares criticaram o treinamento da polícia paulista e a
divulgação de que a vítima estava com 50 gramas de maconha dentro do
carro.
"A gente tem certeza de que foi plantada [inserida no carro pelos
policiais]. E, mesmo que ele estivesse com droga, nada justifica o que
foi feito. Essa é a lógica da polícia: atira primeiro, pergunta depois",
afirmou Abílio Sacramento, 62, tio de Aquino.