sábado, 4 de fevereiro de 2012

O medo em lugar da alegria

 

por Samuel Celestino
 “Sorria, você está na Bahia”. Em lugar do desaparecido sorriso, o medo; em lugar da alegria, o temor de ver a cidade e seus encantos cantados em prosa e verso em outros tempos. O Carnaval, com pretensão de ser “a maior festa do mundo”, será de tristeza. Espera-se que não. A Bahia é notícia internacional. Está na primeira página do jornal “El País”, o principal da Espanha, que fala da greve do setor da segurança, do Carnaval e da violência. Está nos principais jornais do Brasil. O Globo e a Folha de S.Paulo contam a greve pelos mortos, pelo número de vítimas, pelos saques. Ambos falam em 29 homicídios. Já A Tarde se fixa em 34 homicídios desde que o movimento grevista começou, estabelecendo na cidade que já pediu sorriso, um regime de terror. Salvador é cidade de um turno só, o da manhã porque tudo fecha a partir do meio dia com as primeiras informações sobre ações dos bandidos e dos policiais aquartelados. O prejuízo é imenso: nas festas canceladas, no comércio, restaurantes fechados e nas avenidas fantasmas. Já houve duas greves anteriores: a de 1991, no governo ACM, e a de 2001, no de César Borges. Nenhuma com o impacto e a violência que se observa neste movimento de agora. Pela primeira vez, as forças nacionais de segurança chegam a Salvador. Quem não chorou, na ditadura militar, tropas do Exército (e da PM) reprimindo manifestações, observa-as agora, com a conotação democrática, no entanto. Quem as viu a as enfrentou, lembra, incontinenti, do passado, dos tempos de trevas e o medo é maior. Mesmo sabendo que as de hoje são para assegurar a paz perdida de há muito pelos baianos no processo de violência que transforma a cidade e o Estado em territórios sem lei. Não dá, simplesmente não dá, para entender como trabalha o setor de inteligência do aparelho policial, civil e militar, baianos. Não se detectou o movimento (que deve ter sido aberto) nas tropas da PM? Se isso não aconteceu, ou não há inteligência ou existe incompetência. Se houve a percepção, por que não alertar ao governador Jaques Wagner, de modo a alertá-lo que seria inoportuno e temerário deixar o governo para acompanhar a presidente a Cuba e ao Haiti que, aliás, como disse em outro texto, é aqui. Mera lembrança da música de Caetano e Gil. O governo recebeu um impacto traumático. A violência alerta o comando e o PT que o céu que imaginam só está no imaginário de quem não quer ver. Estaria em dificuldades em ano eleitoral se houvesse candidato competitivo da oposição à Prefeitura. O que está a acontecer, de outro modo, atinge todas as camadas sociais: Dos desempregados, da baixa rende às classes de maior poder aquisitivo. A revolta é geral diante do terror implantado a partir de uma greve que acabou por entregar Salvador e as principais cidades do Estado aos criminosos para saquearem o que bem entenderem. Para cometerem homicídios. Enfim e de resto todo o tipo de crime. Vale pedir paciência à população? Não pretendo ser irônico.Lamenta-se o que acontece, mas não consigo afastar do pensamento o slogan que martela: “Sorria, você está na Bahia