Dia
dos namorados combina com paixão. E onde há paixão, pode existir ciúme –
este sentimento que, em excesso, pode prejudicar qualquer
relacionamento. O alerta é da psicóloga Adriadne Reis Pereira Abrantes,
que também é sexóloga, hipnoterapeuta e psicoterapeuta familiar e de
casal. Ela explica: “Ciúme é um sentimento gerado pelo desejo de
conservar alguém junto de si e pela dificuldade de partilhar afetos,
gerando suspeita de infidelidade de um ou entre as pessoas, podendo
levar a inconsequentes atitudes contra si mesmo e contra o outro”,
declara.
Segundo a psicóloga, para muitos, o ciúme é uma forma de “zelar” pela pessoa que está ao lado: “O que faz com que o ciumento tenha sentimento de que o parceiro está sob controle, gerando uma crença errônea de que ciúme é prova de amor. Amar é uma escolha, uma atitude de vida. Amar a si mesmo como forma de crescimento e de se relacionar saudavelmente denota a compreensão de que os ciúmes manifestam-se em todas as relações, variando a frequência e intensidade. Daí a importância da percepção se o ciúme está fundamentado em falsas interpretações da realidade, se é irracional e se prejudica mais do que protege o relacionamento”, completa.
Para os ciumentos, um consolo: “O sentimento de ciúme faz parte da emoção dos seres humanos comuns, o que dificulta um pouco saber se o ciúme sentido é normal ou patológico/doentio. Mas, quando o ciúme começa a atrapalhar a rotina diária de si mesmo e/ou do parceiro, deve-se tomar cuidado, pois pode ser um ciúme patológico”, alerta Adriane.
Um especialista pode auxiliar, quando se perde o controle do ciúme: “Quando é exagerado, deve-se, nesse momento, procurar ajuda, pois pode tornar-se patológico e transformar-se numa obsessão. A busca de ajuda terapêutica permite uma melhor avaliação do contexto e pode haver encaminhamento para uma psicoterapia, avaliação médica e psiquiatra. Em alguns casos, há necessidade de intervenção medicamentosa para controle da ansiedade e dos pensamentos obsessivos. Grupos de autoajuda contribuem positivamente”, enumera.
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O ciúme patológico é também chamado de “Síndrome de Otelo”, em referência ao personagem da obra de Shakespeare, que, por ciúme, mata a companheira e depois percebe que foi uma falsa percepção da realidade: “No ciúme doentio, a obsessão com a pessoa amada e o medo de perder pode até conduzir a agressões verbais, físicas e psicológicas. Os pensamentos perturbadores e sem proporção fazem com que a pessoa sinta um medo fora do normal da separação do outro, reproduzindo em seus pensamentos uma desconfiança excessiva e, muitas vezes, sem fundamentos, podendo levar a comportamentos violentos e até ao homicídio”, aponta.
Por outro lado, o ciúme pode ser bom, desde que não seja exagerado: “O bom sentimento protege a relação e o ruim serve para possuir o outro. Os ciumentos estão sempre em busca de evidências que comprovem ou descartem suas suspeitas e, para contornar certas situações, o parceiro da pessoa ciumenta acaba, muitas vezes, mentindo. Nesse caso, não se deve compactuar com as desconfianças do ciumento, oferecendo ajuda a ele”, orienta.
Se o ciúme chegou a níveis extremos, é hora de avaliar se o relacionamento está embasado na obsessão, no controle e na desvalorização de uma das partes: “É necessário elaborar uma percepção do que mantém o relacionamento; valores em comum, sentimentos, trocas afetivas, expectativas, abertura para o diálogo entre outros. O ideal é manter um bom diálogo na relação; ter a capacidade de se colocar no lugar do outro; respeitar os sentimentos e as diferenças do outro; ter autoestima e autoconfiança e não delegar ao outro a conquista de sua própria felicidade. Esse é um bom começo para se sentir mais seguro diante de si, do outro e da vida”, sugere. A psicóloga Adriadne Abrantes atende na avenida Telésforo de Resende, 550 sala 207, no centro de Lafaiete.